ÁREAS PROTEGIDAS PRIVADAS: DINÂMICA DE CRIAÇÃO DE RESERVAS PARTICULARES E ASPECTOS DA GESTÃO ATUAL SEGUNDO PROPRIETÁRIOS
conservação da biodiversidade; áreas protegidas; reserva particular; socioecológico; gestão ambiental.
A preservação da biodiversidade e a provisão de serviços ecossistêmicos dependem cada vez mais da conservação ambiental em terras privadas. Embora acredite-se frequentemente que áreas protegidas privadas tenham menos capacidade de conservar a biodiversidade do que as públicas, não faltam estudos refutando esta ideia. A conservação privada vem aumentando globalmente, mas variam entre os países suas características de gestão e níveis de uso e proteção. Em comum, destaca-se o papel de atores como o Estado, empresas e organizações não-governamentais, os quais influenciam gestão, operação e administração dessas áreas. Apesar de importantes, iniciativas de planejamento de conservação são baseadas, em sua maioria, em estudos que privilegiam dados ecológicos, ignorando as dimensões humanas e sociais. Nesse trabalho, nosso objetivo é entender da maneira mais ampla possível fatores do contexto político e social que contribuíram com a dinâmica de criação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural brasileiras (RPPNs) e qual sua situação atual. Aplicamos um questionário on line a proprietários e gestores, coletamos e analisamos dados com foco em motivações, dificuldades, apoios recebidos e atores sociais envolvidos nesses processos. Também foram abordados aspectos de mudanças percebidas com ênfase no uso e ocupação do solo da propriedade onde foram criadas as reservas. Nossos resultados mostraram que cerca de 70% das motivações dos proprietários para criação voluntária de reservas particulares foram majoritariamente conservacionistas, ainda que não exclusivamente. Esse foi um padrão, independente de região ou bioma, de âmbito de criação (federal, estadual ou municipal) ou tipo de proprietário (pessoa física ou jurídica). Razões exclusivamente econômicas e de defesa de propriedade tiveram pouca força da decisão de conservar as terras. 42% dos proprietários tiveram dificuldade no processo de criação, independente de tempo, sendo a maioria delas burocráticas (73%). Apenas 57% dos proprietários receberam apoio para criação da reserva, sendo 67% desses de origem de Organizações Não Governamentais. Para os proprietários, durante o processo de criação das reservas, o apoio financeiro foi mais significativo que o apoio técnico.