Biologia populacional do caranguejo goiamum em áreas com diferentes perfis de uso e ocupação de uma reserva extrativista marinha
Reservas Extrativistas, Reserva Extrativista Acaú-Goiana, Cardisoma guanhumi, goiamum, manguezais, dinâmica populacional, abundância.
Reservas Extrativistas são unidades de conservação cujo objetivo é garantir o uso sustentável dos recursos naturais por populações tradicionais extrativista. A Reserva Extrativista Acaú-Goiana localiza-se no estuário do rio Goiana, na divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco e envolve áreas de mata atlântica, restinga, manguezais e apicuns, sendo importante fornecedora de recursos pesqueiros como o goiamum (Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828). O goiamum habita principalmente as áreas transição entre os manguezais e áreas de floresta ou restinga, conhecidas como apicuns. Devido à intensa exploração pesqueira e da acentuada degradação de suas de ocorrência, C. guanhumi foi incluída na lista de espécies ameaçadas de extinção, o que impõe uma série de restrições de uso e medidas de manejo que visem a recuperação das populações e seu habitat. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar parâmetros da biologia populacional da espécie, comparando áreas de agricultura familiar e áreas preservadas, visando subsidiar medidas efetivas de gestão para a espécie em um território com múltiplas atividades antrópicas. Foram amostradas 1619 tocas na área, foram analisados 500 animais em laboratório. Os resultados indicam haver diferenças significativas entra as duas áreas amostradas em relação à abundância de tocas ocupadas (ꭓ² = 12.929, df = 3, p < 0,01), bem como nas médias de largura da carapaça – LC (ꭓ² = 1186, df = 1, p < 0,001) e peso (ꭓ² = 34.950, df = 1, p < 0,001) dos indivíduos. Contudo não houve diferenças na densidade de tocas, na abundância de tocas vazias, em muda e de animais capturados. Também não houve diferença no tamanho de maturidade gonadal, relação LCxPeso e no fator de condição entre áreas de agricultura e áreas preservadas. C. guanhumi é uma espécie generalista, capaz de sobreviver em ambientes alterados pelo ser humano. Contudo medidas de gestão se fazem necessárias em relação ao zoneamento das atividades agrícolas, bem às técnicas e tipos de cultivo, que minimizem a supressão de habitats e que permitam um maior crescimento e conservação da espécie.