Peixes amazônicos e sua importância na ciclagem de nutrientes
taxa de excreção; razão de excreção; nitrogênio; fósforo; Estequiometria Ecológica; Teoria Metabólica da Ecologia.
Os peixes são elos importantes nos processos de sequestro, transferência e transformação de energia e nutrientes nas cadeias tróficas. Através de suas excreções os peixes fornecem nutrientes para os produtores primários e, em alguns sistemas de água doce, podem fornecer a maior parte do nitrogênio e do fósforo necessários aos organismos autotróficos. Tamanho corporal, hábito alimentar e características do ambiente influenciam nas taxas de excreção dos peixes. A bacia amazônica possui a maior riqueza de espécies de peixes do planeta, no entanto a ciclagem de nutrientes realizada por estes organismos ainda não tinha sido estudada. O objetivo central desta tese foi quantificar a ciclagem de nitrogênio e fósforo de peixes, usando medidas diretas de excreção. Estas medidas foram realizadas através de 153 experimentos de incubação in situ, utilizando-se de 59 espécies de peixes nativos da Amazônia. A tese está estruturada em três capítulos. No primeiro, foram avaliadas as taxas e razões de excreção entre espécies de pequeno porte (que não alcançam mais que 10 cm de comprimento) e espécies de grande porte (maiores que 15 cm). Os resultados mostram que as taxas de excreção específicas foram inversamente proporcionais à massa corporal, enquanto a razão N:P excretada aumentou com a massa corporal. No entanto, não houve diferença na magnitude do efeito da massa corporal nas taxas e na razão de excreção entre espécies de pequeno porte e de grande porte. No segundo capítulo, as taxas e razões de excreção foram comparadas em dois ambientes diferentes: na várzea (pouca luz e muito nutriente) e água preta (mais luz e menos nutriente). As taxas de excreção dos peixes foram similares nos dois sistemas. O terceiro capítulo investigou o efeito da razão N:P na massa corporal sobre a razão N:P excretada, comparando duas guildas tróficas principais: carnívoros e onívoros. Os resultados mostraram que as razões de excreção em espécies carnívoras foram ligeiramente mais altas do que em peixes onívoros