Sexo, herbívoros e a evolução das flores.
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Parasitas representam uma forte pressão seletiva influenciando a evolução e a manutenção da reprodução sexuada. Espécies que estão sujeitas a uma gama maior de parasitas debilitantes devem investir mais em reprodução sexuada e apresentar características sexuais secundárias mais desenvolvidas (teoria sosigôniga). Nas últimas décadas, muitos estudos encontraram suporte para essa teoria para diferentes grupos de animais. No entanto, uma aplicação mais geral desta teoria para organismos vegetais permanece pouco explorada. As angiospermas apresentam a maior diversidade de estruturas e estratégias reprodutivas que qualquer outro grupo de organismos, portanto, representam um excelente modelo para se estudar a evolução do sexo. A reprodução sexuada das angiospermas é baseada em flores compostas por estruturas com diferentes funções: androceu (função masculina); gineceu (função feminina); corola (atração de polinizadores) e cálice (proteção do ovário). Surpreendentemente, estudos comparativos avaliando a partição de recursos entre as funções florais básicas são raros. Portanto, o estudo da alometria floral em grandes escalas (geográfica e filogenética) representa uma importante lacuna a ser preenchida e oferece enorme potencial para a descoberta de novos padrões macroevolutivos. Esta tese está organizada em três capítulos que investigam padrões alométricos globais na partição de recursos sexuais em angiospermas e o papel dos herbívoros na evolução das estratégias sexuais das flores. No primeiro capítulo, foram coletados dados de biomassa floral em quatro continentes (América do Norte, América do Sul, Europa e Oceania) para testar a existência de um padrão alométrico global na alocação de recursos florais das angiospermas. Nossos resultados demonstram que a alocação de recursos florais segue uma regra alométrica geral relativamente independente da história evolutiva das espécies. No segundo capítulo, testamos a hipótese de que uma maior pressão de herbívoros (na escala evolutiva) favorece a evolução de estratégias reprodutivas com maior investimento em reprodução cruzada e características sexuais secundárias mais desenvolvidas. Nossos resultados fornecem fortes evidências de que a teoria da evolução do sexo mediada por parasitas se aplica ao reino vegetal. No terceiro capítulo, um conjunto de novos métodos estatísticos e gráficos foi desenvolvido (através do pacote de R sensiPhy) para realizar análises de sensibilidade e testar a robustez de modelos estatísticos considerando múltiplos tipos de incerteza em métodos filogenéticos comparativos (incerteza filogenética, intraespecífica e amostral). Com o sensiPhy esperamos encorajar a inclusão de análises de sensibilidade como uma prática rotineira em biologia comparativa.