Ecologia trófica do polvo Octopus insularis: comparações metodológicas e nova perspectiva através do uso dos isótopos estáveis
Cephalopoda, dieta, nível trófico, Octopodidae, teia alimentar
Os polvos são moluscos que possuem papel relevante em teias tróficas marinhas, não só por representarem importantes presas para animais de topo de cadeia, como também por serem predadores carnívoros importantes do ambiente bentônico. Por esta razão, sua ecologia alimentar já foi estudada utilizando-se diversas metodologias aplicadas a uma variedade de espécies do grupo. Entretanto, ainda não há consenso sobre qual técnica seria mais eficaz neste tipo de investigação, ou mesmo se existiria apenas um método “ideal e autossuficiente”. Outra questão se refere ao posicionamento dos polvos em meio às teias tróficas marinhas. Sabe-se que se alimentam de uma grande variedade de crustáceos, moluscos, peixes e outros organismos e que servem de alimento para muitos consumidores superiores, porém a sua função ecológica permanece indefinida, sendo difícil prever o reflexo do seu aumento ou diminuição nas comunidades marinhas de águas rasas. Desta forma, a fim de trazer respostas para essas duas questões, este trabalho tem por objetivo comparar três métodos quali-quantitativos distintos para caracterização da alimentação de polvos (i.e. análise de conteúdo digestivo, de restos em tocas e de isótopos estáveis), bem como identificar o posicionamento trófico destes e sua importância como presas e predadores. O objeto de estudo é o Octopus insularis, polvo mais frequente na costa nordeste do Brasil e em suas ilhas oceânicas, e que já vem sendo regularmente explorado pela pesca artesanal no país. A área de estudo é a Reserva Biológica Atol das Rocas, ambiente insular, prístino e único em termos de hemisfério Sul.