Peixe bentívoro aumenta a heterotrofia num lago raso eutrofizado do semi-árido Brasileiro
Fluxo de carbono, metabolismo aquático microbiano, translocação de nutrientes.
A maioria das águas continentais (lagos, rios, reservatórios) são classificados como ecossistemas heterotróficos, especialmente em zonas tropicais. No semi-árido brasileiro foi mostrado recentemente que de 32 lagos amostrados 91% foram classificados como heterotróficos, independentemente do estado trófico. Não está claro qual o mecanismo pelo qual os lagos desta região são predominantemente heterotróficos. A resuspensão de sedimento por peixes bentívoros (bioturbação) em lagos rasos pode estimular a produção primária planctônica através da translocação de nutrientes ou inibir através da diminuição da disponibilidade da luz. Sendo assim, a bioturbação pode afetar o metabolismo planctônico em dois caminhos antagônicos, e não está claro como o processo de bioturbação afeta o ciclo do carbono em lagos rasos. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da resuspensão de sedimento pelo peixe bentívoro Prochilodus brevis, um importante peixe bentívoro do semi-árido brasileiro na pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2) num lago raso eutrofizado desta região. Nossa hipótese é que a resuspensão do sedimento aumentará a heterotrofia do lago. Para testar essa hipótese nós fizemos um experimento de mesocosmo do tipo fatorial 2x2, com quatro tratamentos com ou sem a presença do peixe combinados com ou sem o acesso do peixe ao sedimento. Nossos resultados corroboraram a hipótese de que a bioturbação pelo peixe bentívoro aumenta a heterotrofia em lagos. Além disso, a retirada de peixes bentívoros diminuiu a concentração de nutrientes e matéria orgânica tornando o sistema menos heterotrófico, podendo funcionar como uma boa ferramenta de melhoria da qualidade da água de reservatórios localizados em regiões semi-áridas.