Omissão de cuidados de enfermagem em unidade de atendimento a pacientes com COVID-19
Infecções por Coronavírus; Cuidados de Enfermagem; Avaliação de Resultados da Assistência ao Paciente; Segurança do Paciente; Qualidade da Assistência à Saúde.
A pandemia ocasionada pela COVID-19 fomentou o aumento rápido de novos leitos hospitalares, reorganizações de fluxos assistenciais e demanda por profissionais, sobretudo de enfermagem. Entretanto, com o aumento da necessidade de atendimento hospitalar, o medo do contágio da doença, o desgaste físico e emocional do profissional, a escassez de Equipamentos de Proteção Individual e a falta de insumos para realização do cuidado propiciam interrupções e incidentes na assistência de enfermagem. Logo, evidencia-se a necessidade de investigações sobre o cuidado seguro e de qualidade aos pacientes com COVID-19. Acredita-se que identificar os cuidados de enfermagem omitidos ao atendimento do paciente com COVID-19, pode proporcionar um diagnóstico situacional e, a partir desse, traçar estratégias que venham a reordenar a execução das práticas nos serviços, além de poder modificá-las para aumentar a qualidade das ações e a Segurança do Paciente. Neste ínterim, esse estudo traz como questões norteadoras: que cuidados de enfermagem são omitidos durante o atendimento ao paciente com COVID-19? Quais suas causas e fatores associados? E, tem como objetivo descrever os cuidados omitidos na perspectiva da equipe de enfermagem em uma unidade de cuidados a pacientes com COVID-19. Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa realizado no Hospital Universitário Onofre Lopes com enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam na unidade COVID-19. Para tanto, foi utilizado o instrumento Missed Nursing Care Survey-BRASIL para coleta de dados. A análise desses foi descritiva, de frequência simples, tendência central e dispersão. O estudo teve sua aprovação autenticada pelo parecer consubstanciado do comitê de ética em pesquisa, nº 4.812.664, CAAE:47765821.0.0000.5537. Foram avaliados os cuidados mais omitidos descritos por 71 profissionais de enfermagem - 28 (40%) enfermeiros e 43 (60%) técnicos de enfermagem, desses 44 (62%) atuavam na Unidade de Terapia Intensiva e 27 (38%) na enfermaria, 51 (72%) eram do sexo feminino, com média de idade de 44 anos, 37 (52%) eram profissionais efetivos do hospital e 34 (48%) provenientes de processo seletivo emergencial para a unidade COVID-19. A maioria tinha três meses no setor COVID-19 e o tempo de atuação profissional variou de três a 33 anos. Com relação aos cuidados mais omitidos, destacam-se: a administração de medicamentos 30 minutos antes ou depois do horário prescrito (43%) e a não realização da mobilização do paciente para sentar fora do leito (28%). Com relação as razões atribuídas as omissões do cuidado, evidenciam-se a indisponibilidade de medicações quando necessário (62%) e o aumento inesperado do volume/gravidade dos pacientes (53%). Conclui-se que os cuidados de enfermagem omitidos durante o atendimento ao paciente com COVID-19 foram relacionados a cuidados cotidianos da enfermagem como medicação e mobilização do paciente e, que as razões para isso estão associados ao gerenciamento de materiais e tempo, os quais podem ser minimizados com ações educativas e organizacionais.