EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À TERAPIA VENTILATORIA EM RECÉM-NASCIDOS DE ALTO RISCO
recém-nascido, terapia ventilatória, evento adverso, segurança do paciente.
Nas últimas décadas a assistência neonatal avançou devido o desenvolvimento de medidas mais efetivas para o controle da insuficiência respiratória. No entanto, os eventos adversos mais frequentes descritos na literatura são provenientes da terapia ventilatória, tais como: pneumonia associada à ventilação mecânica, extubação não planejada, pneumotórax e lesão de septo nasal. O presente estudo teve como objetivo analisar os incidentes relacionados à terapia respiratória em recém-nascidos de alto risco de uma unidade neonatal. Trata-se de um estudo observacional, longitudinal e prospectivo, realizado em uma maternidade, unidade de referencia no Estado do Rio Grande do Norte para gravidez e nascimento de alto risco. Os dados foram coletados no período de abril a setembro 2016, após aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN com CAAE nº 51832415.0.0000.5537. A população-alvo foi composta por 82 recém-nascidos submetidos à terapia ventilatória nas modalidades: ventilação mecânica invasiva, ventilação mecânica não invasiva e pressão positiva contínua das vias aéreas por prong nasal. Os resultados apontam que a incidência dos eventos adversos foi de 48,8%, sendo o mais frequente a extubação não planejada (34%), seguida da lesão de septo nasal (13%), pneumonia associada à ventilação mecânica (7%) e o pneumotórax (6%). Com relação à gravidade do dano, a maioria ocasionou danos temporários com necessidade de intervenção ou prolongamento da internação. A probabilidade de ocorrência de um evento adverso em recém-nascido submetido à terapia ventilatória nos primeiros cinco dias de terapia ultrapassa os 40%. Existe associação entre a faixa de idade gestacional e a ocorrência de eventos adversos. Sendo os recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas os mais susceptíveis. A razão de chance de um recém-nascido sofrer um evento adverso em gestacional extrema é 5,57 vezes maior do que um a termo. Os resultados da regressão logística apontam associação entre a malformação congênita e a ocorrência do evento adverso de uma forma geral e por tipo especificamente a extubação não planejada. Portanto conclui-se que os recém-nascidos prematuros e portadores de malformação congênita são vulneráveis a ocorrência de eventos adversos relacionados à terapia ventilatória. E como oportunidade de melhoria da assistência recomenda-se a construção e validação de protocolos de prevenção da extubação não planejada, que atenda as especificidades dos portadores de malformação congênita, além do protocolo de manuseio mínimo para prematuros extremos.