Percepção de cuidadores de crianças acerca da prevenção de acidentes domésticos infantis: análise à luz do Modelo de Crenças em Saúde
Acidentes domésticos; Criança; Prevenção; Enfermagem.
Esta pesquisa objetivou analisar a percepção de cuidadores domiciliares de crianças de zero a cinco anos sobre acidentes domésticos infantis e sua influência na prevenção desses eventos. Estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, realizado junto a 20 cuidadores atendidos na Unidade de Saúde da Família do bairro de Cidade Nova, em Natal/Rio Grande do Norte, Brasil. Os participantes deveriam atender aos seguintes critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 18 anos, ser cuidador(a) domiciliar de pelo menos uma criança com até cinco anos e residir na área adscrita da Unidade de Saúde da Família do bairro de Cidade Nova. A coleta de dados ocorreu entre março e abril de 2013, sendo utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado. Esta etapa foi precedida pelas anuências da diretora da instituição de saúde onde se desenvolveu a investigação; da Secretaria de Saúde do Município de Natal, bem como do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob o CAAE nº 12236013.7.0000.5537. Salienta-se que se solicitou aos entrevistados autorização formal por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram tratados conforme a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo e analisados com base em três dimensões do Modelo de Crenças em Saúde, referente às percepções de susceptibilidade aos acidentes domésticos infantis; de autoeficácia para evitar acidentes domésticos infantis e de indícios para a ação de prevenir acidentes domésticos na infância. Os resultados revelaram que todas as entrevistadas eram mulheres, as quais, em sua maioria, declararam-se mães das crianças cuidadas, com faixa etária predominante entre 18 e 30 anos, vivendo em união consensual, com ensino médio completo e desempregadas. Concernente à percepção de susceptibilidade, desvelou-se compreensão das depoentes sobre diversos tipos de acidentes, sendo estes considerados evitáveis. Para tanto, destacou-se ser essencial a vigilância constante da criança, tendo-se em vista seu alto grau de curiosidade e imaturidade. Sobre a percepção de autoeficácia, as participantes informaram adotar medidas preventivas, entretanto, relataram a vivência de quedas, queimaduras, choques elétricos e mordedura canina. Relativo ao significado atribuído aos acidentes vivenciados, realçaram-se os sentimentos de culpa e desespero, sobretudo diante dos casos interpretados como graves. Quanto à última dimensão analisada, relacionada aos indícios para a ação, a televisão sobressaiu como principal fonte de informações sobre acidentes domésticos e suas respectivas formas de prevenção, contudo, os profissionais de saúde foram citados poucas vezes como emissores de tais saberes. Conclui-se a existência de uma ampla percepção das mulheres sobre a prevenção de acidentes domésticos, porém, distribuída de modo desigual, fato que pode ter contribuído para a vivência desses episódios. A fragilidade na visualização dos profissionais de saúde, dentre eles os enfermeiros, como disseminadores dessas informações, sugere o reforço os diálogos sobre o tema e o incentivo da participação dos cuidadores como sujeitos ativos na prevenção dos acidentes domésticos infantis.