Papéis e funções dos profissionais dos serviços e política de saúde mental em Natal (RN).
Serviços de saúde mental; recursos humanos em saúde; papel profissional; política; ensino.
A assistência psiquiátrica e as políticas de atenção à saúde mental passaram por diversas transformações, marcadas ora por avanços, ora por retrocessos centrados no estigma, desinteresse e preconceito que ainda permeiam a sociedade e o senso comum. Este estudo objetivou analisar o processo de reforma psiquiátrica e a política de saúde mental do município de Natal (RN) a partir dos papeis e funções dos profissionais de nível superior dos serviços substitutivos em saúde mental. Trata-se de uma pesquisa analítica, transversal, com dados quantitativos e qualitativos, realizada nos sete serviços substitutivos de saúde mental de Natal (RN), entre os meses de março a agosto de 2013, após aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer nº 217.808, CAAE: 10650612.8.1001.5537, em 01 de março de 2013. A amostra de conveniência compôs-se por 65 profissionais de nível superior das equipes de saúde mental, definida a partir dos critérios de inclusão e de exclusão dos participantes. Utilizou-se um questionário com questões fechadas e semi abertas sobre o perfil socioeconômico, as políticas, as práticas e o tipo de formação dos profissionais para a atuação nos serviços de saúde mental. Tabularam-se e submeteram-se as respostas das questões fechadas do questionário no programa estatístico SPSS versão 20.0, analisando-os por meio de estatística descritiva, com a formulação de gráficos e tabelas. Para verificar o nível de significância, adotando-se p-valor<0,05, optou-se pela aplicação do teste exato de Fisher. Submeteram-se os dados das questões semi abertas ao software ALCESTE e à luz da análise de conteúdo de Bardin. O perfil dos participantes caracterizou-se por maioria do sexo feminino (78,5%), faixa etária de 36 a 55 anos (52,3%), média de 42 anos, carga horária de 40 horas semanais (61,5%), tempo de conclusão da graduação de 6 a 15 anos (57%), trabalhavam na área de saúde mental há menos de 10 anos (72%) e na instituição pesquisada há 5 anos ou menos (52%). Da amostra estudada, 86% atendiam grupos de usuários, 97% realizavam algum atendimento individual, 94% observavam o comportamento do paciente, 92% realizavam atendimento familiar, utilizando, principalmente, a abordagem cognitiva (28%). Os dados qualitativos originaram cinco categorias denominadas: Formação acadêmica e atuação em saúde mental; Ausência de capacitação e supervisão em saúde mental; Dificuldades da prática profissional nos serviços substitutivos de saúde mental; Trabalho em equipe: entre acertos e conflitos; Política Nacional de Saúde Mental: uma realidade ainda distante. Detectou-se adequabilidade dos papeis e funções dos profissionais quanto ao tempo de trabalho na área da saúde mental e na instituição pesquisada; nos atendimentos e atividades individuais (observação e registro do comportamento do paciente e das condutas terapêuticas no prontuário); na promoção de ações visando à autonomia do paciente; no atendimento em grupo de pacientes; e, em parte, à família/familiar dos portadores de transtorno mental, havendo inadequação quanto ao atendimento aos grupos de familiares. A formação especializada em saúde mental e as condições de trabalho nos serviços substitutivos apresentaram inadequação, interferindo nos papeis e funções desenvolvidos pelos profissionais nos referidos serviços. Evidenciou-se adequação nos papeis e nas funções desenvolvidas pelos profissionais nos serviços substitutivos em saúde mental, embora convivendo em seu cotidiano com inúmeras dificuldades encontradas no desenvolvimento de suas práticas profissionais frente às condições de trabalho.