Trabalho e informalidade: contribuições para a crítica ao desenvolvimento turístico
Trabalho; Cidades; Turismo; Desenvolvimento
Este estudo deteve-se aos determinantes das condições e relações de trabalho que se desenvolvem em um espaço particular da cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil: o entorno do Centro Cultural Dragão do Mar, no bairro da Praia de Iracema. Pretendeu-se analisar no contexto do desenvolvimento das forças produtivas, engendras no âmbito atividades de trabalho na informalidade. A atividade turística, mais particularmente, o turismo como expressão do mercado produtor e consumidor de produtos e serviços culturais e de lazer, que se desenvolvem em espaços criados pela e para a ‘indústria cultural’. Observamos que o crescimento das atividades turísticas na realidade de Fortaleza compõe o processo de modernização conservadora do Ceará, conformando no mesmo território e de forma concomitante relações sociais de trabalho constituídas por atividades/produtos culturais sofisticados e atividades/serviços precários e arcaicos. Na totalidade das relações sociais de produção, nas sociedades capitalistas, das quais o trabalho informal – objeto central de nosso estudo – efetiva-se, sobremaneira, no âmbito da atividade turística constitui uma totalidade de menor complexidade. No âmbito das relações sociais, analisamos como a informalidade ganha vulto no processo de reestruturação produtiva, assumindo cada vez mais característica estrutural. No entorno do Centro Cultural Dragão do Mar as demandas estão centradas para atividades de venda de alimentos e bebidas cuja oferta emerge da real necessidade de sobrevivência e cuja demanda surge do fluxo de lazer e de turismo no local e em seu entorno. Existindo várias distinções entre as categorias de trabalhadores informais na área estudada. Foram entrevistados com base numa amostra intencional trabalhadores de distintas atividades na informalidade, tais como ambulantes e feirantes. Utilizamos para a apreensão das informações as técnicas de observação e entrevista realizadas durante o período de novembro e dezembro de 2009 e janeiro de 2010. As determinações das atividades dos ambulantes e feirantes no entorno do Dragão do Mar são muito diversas, contendo em comum a marca da instabilidade; da precariedade das condições e relações de trabalho; da degradação da vida humana; e barbárie, incontornáveis nesse espaço. Com esse estudo objetivamos contribuir para ampliar o debate crítico no que se reporta às contradições e incongruências ao desenvolvimento turístico.