SERVIÇO SOCIAL, CLASSE, GÊNERO E RAÇA: tendências teórico-metodológicas e as possíveis contribuições da Teoria Unitária
Teoria unitária da reprodução social; gênero; classe social; raça; serviço social
O Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sócio técnica do trabalho, constitutivamente determinada pela divisão sócio sexual e racial do trabalho. É reconhecida como área de conhecimento, a partir da sua maioridade intelectual, na década de 1980. Desde então, passou a desenvolver pesquisas sobre temáticas diversificadas, relacionadas a complexidade da vida social sob a ordem do capital, hoje sistematizadas pelos Grupos Temáticos de Pesquisas (GTP) da ABEPSS. Como reflexo desse movimento, vemos o crescimento expressivo da tentativa de categorização, nas produções científicas no interior da profissão, das relações sociais generificadas e racializadas do capitalismo. Através de amplo e diversificado arcabouço teórico-metodológico, essas análises se fundamentam em matrizes teóricas distintas, inclusive avessas ao marxismo. Acreditamos que talvez isso seja reflexo, por um lado, do marxismo economicista que se opôs historicamente a analisar criticamente a raça e o gênero como questões centrais do ordenamento capitalista, forjando a emergência de estudos culturalistas, muito influentes nos estudos feministas, dos quais predominam a ausência da análise da totalidade social, sendo que essa abordagem pode ter impactado a própria maneira analítica as próprias análises do Serviço Social. Por outro lado, temos o influxo pós-moderno, expressamente antimarxista, presente em algumas pesquisas do Serviço Social, que passam a combinar ecleticamente diversas matrizes teórico-metodológicas, revelando uma fragilidade metodológica. Defendemos a importância do pluralismo teórico, metodológico e político, enquanto traço constitutivo da produção de conhecimento e da sociabilidade humana, mas reconhecemos os tropeços analíticos e práticos potencialmente elevados a partir do ecletismo científico, que não devem ser apreendidos como sinônimos. Na tentativa de expressar essa preocupação de cunho teórico-metodológico, esta pesquisa pretende analisar as tendências teórico-metodológicas utilizadas nas produções científicas do Serviço Social sobre as relações sociais generificadas e racializadas da sociedade capitalista, a partir da crítica da Teoria da Reprodução Social (Teoria Unitária). Esta pesquisa bibliográfica-exploratória, de caráter qualitativo, analisará os trabalhos científicos publicados em um dos principais veículos da comunicação científica do Serviço Social: a Revista Temporalis, editada pela própria ABEPSS. A pesquisa é fundamentada metodologicamente no método marxista combinado ao ponto de vista feminista-marxista e decolonial em desenvolvimento pela Teoria Unitária. Esta última parte do pressuposto de que produção e reprodução social são dimensões de uma unidade dialeticamente indissociável, impactada de forma sistemática pela reconfiguração da sociabilidade capitalista. Esta perspectiva teórica desempenha a tentativa de sintonizar a práxis feminista à teoria marxista a partir da teoria valor-trabalho de Marx, na compreensão do capitalismo enquanto totalidade totalitária fundadora do racismo e de um novo patriarcado (nesta pesquisa categorizado como cisheteropatriarcado), por meio de processos sócio históricos, constitutivos do sociometabolismo do capital.