FAMÍLIAS (IN)VISÍVEIS?: A realidade dE famílias homoafetivas com filhos/as adotivos/as na cidade do Natal/RN
Adoção homoafetiva. Família. Cotidiano. Preconceito.
A presente dissertação tem como objeto de análise o exercício da homoparentalidade por via da adoção, na cidade do Natal/RN, considerando para fins de recorte histórico os anos de 2009 a 2012. Objetivamos apreender e analisar a vivência do exercício da homoparentalidade por via da adoção na referida cidade e identificar as possíveis dificuldades enfrentadas no processo de adoção e no cotidiano das famílias pesquisadas, buscando, também analisar o processo de visibilidade social, inserção e convivência familiar e comunitária da família homoafetiva com filhos/as adotivos/as, especialmente no âmbito da família, trabalho e educação formal dos/as filhos/as. Seguindo uma abordagem qualitativa, utilizamos como estratégia de obtenção e construção de dados a realização de entrevistas com 04 famílias homoafetivas que concretizaram a adoção na cidade do Natal/RN, no período de tempo demarcado. As entrevistas realizadas foram balizadas por um roteiro de questões que buscaram contemplar o processo de adoção, as dificuldades/preconceitos no processo de adoção, a experiência como pais/mães gays/lésbicas e os direitos da população LGBT no Brasil. A escolha pela entrevista se deu em função da possibilidade de aproximação com o cotidiano dessas famílias, na tentativa de identificar dificuldades e possibilidades no exercício homoparental. A problematização destes temas nas entrevistas e as respostas sistematizadas e analisadas revelam as tendências de: afirmação que a escolha pela adoção como forma de constituição de família se deu devido à existência de um desejo prévio de ser pai e mãe; total apoio dos/as familiares, tanto em relação à adoção, quanto em relação à orientação sexual; a afirmação da ausência de qualquer tipo de dificuldade e/ou preconceito durante os processos de adoção e nas atividades cotidianas, tanto no trabalho, quanto na família e na escola dos/as filhos/as, embora, contraditoriamente, algumas narrativas tenham sinalizado situações claras de preconceito e discriminação, fosse étnico-racial ou por orientação sexual; não participação e distanciamento dos movimentos sociais e movimentos LGBT.