Análise morfo-quantitativa e neuroquímica do sistema visual subcortical de Sagui (Callithrix jacchus) idoso
Envelhecimento; Núcleo Geniculado Lateral Dorsal; Colículo Superior; Estereologia, Densidade óptica relativa
O Núcleo Geniculado Lateral Dorsal do tálamo (GLD) e o Colículo Superior (CS)são estruturas subcorticais constituintes do sistema formador de imagem. Funcionalmente, o GLD é considerado um núcleo talâmico de primeira ordem no processamento da informação visual, de propriedades retransmissoras e de modulação das aferências retininas para o córtex visual. O CS participa da transmissão de informação visual para outras estruturas subcorticais visuais e das transformações sensório-motoras para direcionar movimentos de orientação e atenção dos olhos e da cabeça. Esses dois núcleos subcorticais constituem as duas principais vias visuais em mamíferos, contribuindo para a interpretação e posterior formulação de respostas visuais adequadas pelo córtex visual. No entanto, esse processamento visual é alterado pelo avanço da idade, culminando em progressivos déficits funcionais. Apesar disto, poucos trabalhos discutem sobre possíveis alterações morfológicas e neuropeptidérgicos que podem estar diretamente relacionadas com o declínio da função visual durante o envelhecimento. Nesse sentido, esse estudo se propõe a descrever quantitativamente parâmetros morfológicos e neuroquímicos no GLD e CS em resposta ao processo de envelhecimento. Para isso, saguis fêmeas e machos (Callithrix jacchus) foram divididos em dois grupos etários adultos-jovens (36-50 meses de idade) e idosos (119-140 meses de idade). Esses animais foram perfundidos transcardiacamente com formalina (10%) e os seus encéfalos foram seccionados coronalmente (30µm) e processados histologicamente pela técnica de Nissl e por imuno-histoquímica para a proteína neuronal nuclear (NeuN) e proteína acídica fibrilar glial (GFAP). Através da contagem celular morfométrica, densidade óptica (DO) e de técnicas estereológicas, como o estimador de Cavalieri, foram analisados o número de neurônios, a imunoexpressão de GFAP na população astroglial e seus possíveis perfis fenotípicos, bem como, o volume total e das camadas do GLD e CS, respectivamente. Com base nessas técnicas, foi possível evidenciar um aumento volumétrico total e nas camadas do GLD, além de uma estabilidade no volume e no número de neurônios das camadas superficiais do SC (SCv) com o envelhecimento. Uma diminuição 14 idade-dependente na imunoexpressão de GFAP também foi observada em ambos os centros visuais. Nossos resultados indicam uma variação região-dependente no aspecto volumétrico durante o envelhecimento, possivelmente devido a eventos plásticos estruturais em resposta a inflamação e mecanismos compensatórios em componentes celulares e subcelulares desses centros visuais. Além disso, as SCv parecem ser menos vulneráveis aos efeitos do envelhecimento quanto ao volume e número neuronal. Os dados neuropeptidérgicos sugerem que o declínio na expressão de GFAP pode refletir uma atrofia astrocitária. Portanto, este trabalho fornece uma atualização do estado atual do conhecimento sobre os efeitos do envelhecimento no sistema visual e uma base importante para trabalhos futuros em termos de percepção visual ao longo do envelhecimento, particularmente nos seus aspectos morfológicoquantitativos e neuroquímicos.