RELAÇÃO ENTRE CRONOTIPO E O CICLO SONO-VIGÍLIA, SONOLÊNCIA DIURNA E ATENÇÃO EM ADOLESCENTES DO TURNO MATUTINO
ritmo circadiano; padrão temporal de sono; performance cognitiva; privação de sono; vespertinidade.
Uma das características mais marcantes nos adolescentes é o atraso de fase no ciclo sonovigília, que pode levar a mudanças no cronotipo, que passa a apresentar uma tendência à vespertinidade. Essa tendência à vespertinidade, ao entrar em confronto com os horários escolares, pode levar a redução do tempo de sono, lag social, sonolência diurna, que por sua vez podem gerar pior desempenho cognitivo e acadêmico. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar a relação entre o cronotipo e o ciclo sono-vigília (CSV), a sonolência diurna e atenção em adolescentes do turno matutino de escolas de Natal. Participaram do estudo 207 adolescentes (idade: 15,71±1,3 anos), de ambos os sexos (133 meninas), matriculados no ensino médio. Os participantes responderam aos questionários: “A Saúde e o Sono”, o Questionário de Consumo Alimentar, além do Diário de Sono por 10 dias, que continha a Escala de Sonolência de Maldonado. A Meia Fase do Sono Corrigida (MFSc), indicador do cronotipo e base para o cálculo do lag social foram calculados a partir dos dados do diário sono. A atenção foi avaliada pela Tarefa de Execução Contínua, entre 7:30h e 9:30h durante os dias de aula com aplicação única. De forma geral, a amostra apresentou horários de deitar e levantar mais cedo, menor tempo na cama e maior sonolência ao despertar na semana (Anova, p < 0,0001). Em relação ao cronotipo, os vespertinos deitaram e levantaram mais tarde independente do dia da semana, apresentando maior irregularidade nos horários de deitar e levantar, e nível de Lag Social (Anova - Sidak, p < 0,0001). Por sua vez, os matutinos apresentaram maior tempo na cama no fim de semana, assim como, maior irregularidade do tempo na cama (Anova - Sidak, p < 0,01). Em relação à atenção, o maior tempo na cama na noite anterior à tarefa previu uma maior porcentagem de respostas corretas para alerta fásico (β = 0,038, p < 0,01). Entretanto, uma maior tendência à vespertinidade previu um maior percentual de respostas corretas no alerta tônico (β = 0,022, p < 0,01), atenção seletiva (β = 0,009, p < 0,01) e alerta fásico (β = 0,036, p < 0,05), e menor percentual de omissões na atenção seletiva (β = -0,010, p < 0,01). Embora o cronotipo apresente relação com o ciclo sono-vigília e a atenção em adolescentes, mais estudos são necessários para investigar a relação entre a vespertinidade e à atenção.