Os efeitos do envelhecimento no ritmo circadiano têm implicações desde o desempenho cognitivo complexo a funções fisiológicas simples. Estas mudanças incluem alterações no padrão de expressão rítmica, como exemplo, uma ampla fragmentação do ritmo de atividade-repouso, diminuição na amplitude e aumento no período do ritmo na fase de atividade regulada pelo núcleo supraquiasmático (NSQ). O estudo da luz sobre aspectos biológicos tem recebido um grande interesse atual, devido, dentre alguns aspectos, sua resposta positiva nas desordens psiquiátricas em humanos. Pensando nisso, a terapia com luz pode ser usada para estimular o NSQ a melhorar sua funcionalidade em uma fase ontogenética na qual é mostrado haver várias desregulações circadianas, possivelmente devido danos no marcapasso circadiano. O objetivo desse trabalho é avaliar, em ratos idosos, o efeito da terapia com luz azul, sobre os aspectos funcionais do NSQ, através da avaliação do ritmo de atividade-repouso, bem como em possíveis mudanças a nível neuronal e neuroquímico do relógio central. Para isso, 11 ratos (Rattus novergicus) Wistar idosos machos com idade de aproximadamente 16 meses foram utilizados. Os animais passaram por registros contínuos da atividade locomotora e por períodos de 6 horas de exposição à luz azul de baixa intensidade (~ 150 lux; 470-490 nm) no início da fase clara do ciclo claro-escuro 12:12 h por 14 dias. Ao final da terapia com luz azul, seis animais foram perfundidos no ZT 6 ou ZT 12 e cinco animais continuaram a ter o registro do ritmo de atividade-repouso por mais 14 dias, sendo perfundidos posteriormente nos mesmos horários. Os animais, após exposição à luz azul de baixa intensidade, apresentaram mudanças nos padrões de ritmicidade locomotora. Isso indica que a luz azul parece ter um efeito positivo, onde melhorou o ritmo de atividade-repouso de animais idosos, particularmente a robustez do ritmo, estabilidade diária da acrofase e maior consolidação da fase de repouso. Essas mudanças perduraram dias após o fim da terapia de luz azul, modificando assim o padrão rítmico dos animais idosos em relação ao seu basal. Esperamos que, após a realização de novos experimentos comportamentais e avaliações histológicas, sejam gerados dados que elucidem se o uso da fototerapia com luz azul em animais idosos promove uma melhoria dos ritmos biológicos em uma fase da vida onde eles sofrem bastante com alterações comportamentais, neuroquímicas e cognitivas.