Caracterização citoarquitetônica e neuroquímica da zona subparaventricular (ZSPV) do sagui (Callithrix jacchus)
Sistema de temporização circadiana; Zona subparaventricular; Trato retinohipotalâmico; Citoarquitetura; Callithrix jacchus.
O sistema de temporização circadiana (STC) é composto por um conjunto de estruturas neurais responsáveis pela geração e modulação dos ritmos circadianos dos seres vivos. O núcleo supraquiasmático (NSQ) do hipotálamo é a estrutura geradora da ritmicidade circadiana, sendo o ciclo claro-escuro (CE) ambiental de 24h seu principal sincronizador. O NSQ gera a expressão de ritmos circadianos em diversas estruturas neurais diencefálicas, telencefálicas e do prosencéfalo basal. Recentemente, vem sendo proposto o conceito de “STC expandido”, considerando-se que existem aproximadamente 100 estruturas neurais que poderiam compor o STC. Das diversas regiões envolvidas nesse contexto, a zona subparaventricular (ZSPV), principal eferência do NSQ, vem recebendo destaque, apesar de ainda pouco estudada, sobretudo em espécies de primatas não-humanos, como o sagui (Callithrix jacchus). O objetivo do nosso estudo é descrever, através do método de Nissl e de técnicas imunohistoquímicas, a citoarquitetura, componente neuroquímico e projeção retiniana da ZSPV de saguis. A partir dos nossos resultados pudemos identificar a citoarquitetura da ZSPV nessa espécie através do método de Nissl e imunorreatividade para a proteína nuclear neuronal específica (NeuN). Tendo como referência trabalhos de outros autores com outras espécies, estamos propondo que a ZSPV no sagui está localizada entre as porções dorsais e caudais do NSQ, desde o seu nível médio de corte e região retroquiasmática, e porções ventrais do núcleo paraventricular do hipotálamo (NPVH), distribuindo-se lateralmente ao III ventrículo, ocupando porções periventriculares. O conteúdo neuroquímico de proteínas ligantes de cálcio demonstra uma presença mais acentuada de neurônios imunorreativos para a calbindina (CB), quando comparado aos poucos neurônios imunorreativos para a calretinina (CR) e a não marcação imunohistoquímica para a parvalbumina (PV). Os neurônios imunorreativos CB apresentam um trajeto dorsolateral em direção ao núcleo dorsomedial do hipotálamo (NDMH), principal eferência da ZSPV. Considerando-se porções ventrais e dorsais da ZSPV, também foi possível observar nas porções ventrais e dorsais da ZSPV fibras neurais imunorreativas ao neuropeptídio Y (NPY) e à enzima descarboxilase do ácido glutâmico (GAD); nas porções ventrais observamos fibras imunorreativas à substância P (SP), ao passo que nas porções dorsais observamos células imunorreativas a 5-HT, à óxido nítrico sintase (NOS), à subunidade 1 do receptor de glutamato (GluR1), bem como à proteína acídica fibrilar glial (GFAP). Ainda observamos uma distribuição bilateral de terminais axônicos do trato retinohipotalâmico (TRH) imunorreativos para a subunidade b da toxina colérica (CTb), o que demonstra projeção da retina para essa região.