TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO: A INFLUÊNCIA DE PISTAS DE MORTALIDADE E IMPREVISIBILIDADE NAS ESTRATÉGIAS DE HISTÓRIA DE VIDA
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Os indivíduos de todas as espécies lutam para preservar seu legado genético nas próximas gerações. Para aumentar sua aptidão, um indivíduo pode investir em traços relacionados à sobrevivência ou em traços relacionados à reprodução. Uma vez que os organismos contam com um orçamento energético limitado, investir em um determinado traço ou tarefa pode significar abrir mão de investir em outra, sendo necessário avaliar o custo-benefício de cada escolha. A seleção natural favorece aqueles indivíduos que conseguem desenvolver uma estratégia de alocação de energia otimizada, de maneira a maximizar a aptidão. As estratégias se organizam em torno de um continuum com extremos rápido-lento, e podem ser medidas através de traços de história de vida, como a quantidade de filhos e a idade do início da reprodução. Ao redor do mundo, tem-se observado um declínio no número de filhos na espécie humana. Fatores ambientais podem estar por trás desse fenômeno, como o aumento na densidade populacional decorrente da urbanização que acarreta a alta competitividade entre pessoas, a severidade (mortalidade) e imprevisibilidade do ambiente. Uma vez que a competitividade e a desigualdade geram violência (pista de mortalidade), as pessoas podem investir cada vez mais em estratégias lentas, com investimento em esforço somático, atraso da reprodução e número reduzido de filhos, para maximizar sua aptidão produzindo prole de maior qualidade, capaz de competir e sobreviver no mundo. O presente trabalho almeja analisar de que forma percepções de saturação ambiental, competitividade, risco aumentado (taxa de mortalidade) e imprevisibilidade predizem o desenvolvimento de estratégias reprodutivas, através da análise dos trade-offs feitos pelos indivíduos.