SPATIAL DISTRIBUTION OF HUMPBACK WHALE SINGERS IN THE ABROLHOS BANK, BA, BRAZIL
Mamíferos marinhos, baleia jubarte, distribuição espacial, atividade vocal, Abrolhos.
Mamíferos marinhos formam um grupo bastante diversificado, incluindo cetáceos, sirênios, pinípedes e carnívoros, como lontras e ursos polares. Estudos sobre a distribuição e abundância de mamíferos marinhos são de grande importância para fins de conservação e manejo. Esses são animais que passam toda ou a maior parte da vida no ambiente aquático e dependem de diversos fatores, como distribuição de recursos alimentares, batimetria, distribuição de parceiros, entre outros para sobreviver. Dentre todos os mamíferos marinhos, a baleia jubarte é uma das espécies mais estudadas. A jubarte é conhecida por produzir longas sequências padronizadas de sons conhecidas como "canto", sendo a acústica uma das principais formas de comunicação no meio aquático. Este trabalho tem como objetivo (1) fornece uma revisão da literatura disponível sobre o estudo da distribuição de mamíferos marinhos utilizando métodos acústicos e/ou visuais nos últimos dez anos para identificar quais métodos e técnicas têm sido mais utilizados no campo; (2) prever a distribuição de grupos de baleia jubarte vocalmente ativos em relação a variáveis ambientais e sociais no entorno do Arquipélago dos Abrolhos; e, (3) verificar a existência de sobreposições entre a rota utilizada pelos barcos de turismo e machos cantores no entorno do Arquipélago dos Abrolhos, áreas onde possa haver potenciais interações espaciais e acústicas. Através da revisão de literatura no capítulo1, encontramos que, apesar do uso de monitoramento acústico passivo estar se tornando mais econômico e acessível nos últimos anos, os métodos mais usados para estudar distribuição de mamíferos marinhos são visuais. Ao responder um questionário sobre o método utilizado, a maioria dos pesquisadores tenderam a escolher o método visual por estarem inseridos em projetos maiores com outros focos. No segundo capítulo, foi feita uma regressão logística utilizando profundidade, distância a um buffer ao redor das ilhas de Abrolhos (0,5 mn), distância a corais, tamanho de grupo e presença de filhote para prever atividade vocal. O modelo que melhor previu que grupos de baleias jubartes estariam vocalmente ativos quando não houver filhote presente no grupo (B = 1,234, Wald = 16,016, p < ,01), estiverem distantes de corais (B = ,403, Wald = 4,263, p < ,05) e em áreas mais profundas (B = ,079, Wald = 3,460, p > ,05). Finalmente, no terceiro capítulo, realizamos análises espaciais que resultaram em mapas de densidade de grupos vocalmente ativos de baleias jubarte e de embarcações de turismo. Encontramos que as áreas de maior densidade de cantores coincide com áreas de maior densidade de embarcações. Tais áreas foram classificadas como alto risco para a comunicação da espécie na área amostrada. Investigar as preferências de habitat das baleias jubarte para atividade vocal com base em características ambientais e composição de grupo é essencial para o estabelecimento de áreas de manejo espaço-temporal com o objetivo de garantir uma comunicação acústica adequada, tão importante em áreas de reprodução. Nós também fornecemos resultados que enfatizam a necessidade de pôr em prática planos de manejo adaptativo que considerem fatores que podem ser importantes para a conservação e manejo da baleia jubarte.