Criar o próprio jogo didático ou apenas jogar?
Efeitos de diferentes estratégias de ensino na motivação e aprendizado de ciências.
aprendizado; educação; ensino de ciências; jogos didáticos; motivação.
Neste estudo buscou-se identificar os efeitos de três diferentes estratégias de ensino – criar o próprio jogo, utilizar um jogo já existente e confeccionar um cartaz – na motivação, no uso de estratégias de aprendizado profundo (deep strategy learning use) e no aprendizado de ciências. A pesquisa envolveu 99 estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental I, de três escolas públicas de Natal/RN. Um grupo de estudantes (N = 33) criou e jogou o próprio jogo didático, o segundo grupo (N = 30) utilizou um jogo já existente e, o terceiro grupo (N = 36), confeccionou um cartaz para ser exposto na escola. Antes, durante e após a intervenção, a motivação intrínseca foi mensurada utilizando-se a escala Intrinsic Motivation Inventory (IMI), o uso de estratégias de aprendizado profundo foi mensurado com a escala Revised two-factor Study Process Questionnaire (R-SPQ-2F) e o desempenho foi medido por questionários contendo questões específicas de ciências. Análises de variância (testes Kruskal-Wallis) mostraram diferença significativa no desempenho dos três grupos experimentais (p = 0,002). Testes post hoc (testes dos postos com sinais de Wilcoxon) apontaram que a diferença foi significativa entre o grupo que apenas jogou e o grupo que criou o cartaz (p = 0,001). Os resultados sugerem que utilizar um jogo como parte do aprendizado pode ser mais eficiente do que confeccionar um cartaz para melhorar o desempenho dos estudantes em ciências. Apesar dos resultados promissores, as análises realizadas dentro de cada uma das condições experimentais sugerem que, independente do grupo experimental, as atividades desenvolvidas foram adequadas ao ensino do conteúdo de ciências e também tiveram efeito positivo sobre a motivação intrínseca dos estudantes, quando comparadas às atividades da escola de maneira geral. Concluímos que o uso de jogos para fins didáticos parece influenciar de maneira mais efetiva o desempenho dos estudantes do que outras estratégias de ensino, entretanto, a opção do uso de uma estratégia em detrimento da outra, depende, sobretudo, dos objetivos educacionais que se deseja atingir.