Efeitos fisiológicos e psicológicos associados à respiração nasal e à técnicas respiratórias do Yoga
Ujjayi; Pranayama; Neurociência; Eletrofisiologia; Escalas Psicométricas.
Esta tese foi dividida em introdução geral, cinco capítulos (sendo um para cada artigo) e uma discussão geral. Dos cinco artigos, três são revisões sistemáticas baseadas nas recomendações de filtragem do PRISMA e dois são pesquisas experimentais com voluntários saudáveis, todas escritas em inglês. A primeira revisão intitulada “Pranayamas and their neurophysiological effects” já foi publicada e visou descrever a influência dos exercícios respiratórios ióguicos no cérebro e na mente humana. Após a filtragem dos 1.588 artigos, os 14 artigos finais evidenciaram que os pranayamas em linhas gerais promovem: melhora clínica em pacientes com afasia (Surya Bedhana); redução da oscilação teta cerebral, aumento da oscilação gama no lobo temporal medial esquerdo e aumento da resposta inibitória (autocontrole) durante uma tarefa de tempo de reação (Bhramari); redução imediata nos tempos de reação visual e auditiva e hipocapnia (Bhastrika); aumento da atividade parassimpática (Kumbhaka). Devido à escassez de estudos visando observar a função do bulbo olfatório na modulação da neurofisiologia e do comportamento humano, a segunda revisão “The Breathing Mind”, pautada em modelos animais, se fez necessária para melhor elucidar a relevância da respiração nasal a nível cognitivo. De 59 artigos, 8 foram selecionados para discorrer sobre esse assunto. Considerando também a aplicação clínica de práticas complementares como o Yoga em um dos transtornos mentais que mais acometem a população mundial, a terceira revisão “Yoga and Depression” filtrou, de 162 artigos, 11 finais, apresentando dados significativos quanto à melhora dos sintomas dos pacientes depressivos. As duas últimas revisões possuem previsão de submissão para Abril/2023. Sobre as duas pesquisas experimentais, uma foi inteiramente online durante o período crítico da pandemia do COVID-19 com aplicação de escalas psicométricas e a outra seguiu o mesmo protocolo (videoaulas do pranayama Ujjayi) sendo que com o adicional de análises fisiológicas (eg. EEG, cinta respiratória, cortisol salivar) e tempo de intervenção reduzido (de 12 para 8 semanas). Ambas pesquisas já tiveram a etapa de coleta concluída, porém a segunda “The physiological and psychological effects of ujjayi pranayama” ainda está no processo de análise dos dados no Instituto do Cérebro da UFRN, enquanto a primeira “Long term psychological effects of a Ujjayi pranayama training” já está sendo escrita para submissão com os seguintes resultados: Antes da intervenção tivemos N = 72, no primeiro questionário. Na metade da intervenção, após 6 semanas, tivemos N = 31, no segundo questionário. Ao término das 12 semanas, tivemos N = 27, no terceiro questionário. Destes, 18 tiveram frequência igual ou maior que 50% (24 de 48 práticas). Dos 18 voluntários finais, 1 era do sexo masculino. Com o intuito de tornar a amostra homogênea, optamos por um N = 17 mulheres, sendo 1 do DF, 4 do ES, 5 do RN e 7 do RS. Das escalas psicométricas, a de devaneio mental (MEWS), estresse percebido (PSS) e consciência interoceptiva (MAIA) tiveram valor de p significativo pelo teste estatístico ANOVA, sendo a diferença entre a semana 0 e a semana 12 para os três questionários, entre a semana 6 e a semana 12 para MEWS e entre a semana 0 e a semana 6 para MAIA. Correlacionando essas escalas, somente obtivemos diferença significativa entre MEWS e PPS: semana 0 com r = 0.68 e p = 0.003, semana 6 com r = 0.494 e p = 0.044, semana 12 com r = 0.547 e p = 0.023. Podemos concluir, até o presente momento da qualificação deste doutorado, que o pranayama Ujjayi promove redução do estresse percebido e do devaneio mental (os quais possuem correlação positiva), além de um aumento significativo na consciência interoceptiva dos voluntários após 12 semanas de intervenção.