A RELAÇÃO ENTRE CRONOTIPO, JET-LAG SOCIAL, QUALIDADE DE SONO, SONOLÊNCIA DIURNA, DEPRESSÃO E ANSIEDADE EM ESTUDANTES DA ÁREA SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Ansiedade, Cronotipo, Depressão, Jet-lag social, Qualidade de sono, Sonolência diurna
Neste projeto propusemos compreender a prevalência e a relação entre qualidade do sono, cronotipo, Jet-lag social, sonolência diurna e os indicativos de transtornos de depressão e ansiedade em jovens adultos universitários. A nossa amostra é composta por 578 estudantes, dos quais 372 (64,36%) são mulheres e 206 (35,64%) homens, dos cursos da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com idades entre 18 e 32 anos. Para isso, realizamos a aplicação dos seguintes questionários: Questionário de Cronotipo de Munich (MCTQ), Questionário de Matutinidade-Vespertinidade de Horne e Östberg (MEQ), Índice de qualidade de sono de Pittsburgh (IQSP), Escala de Sonolência de Epworth (ESS), Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). Em nossos resultados extraímos informações para o cálculo do Jet-lag social a partir do MCTQ, e a partir dos resultados do MEQ observamos que a maior parte da nossa amostra é composta por indivíduos do cronotipo intermediário. Além disso, demonstramos que a maioria dos participantes sofrem de uma qualidade de sono abaixo do normal e sonolência diurna excessiva; para depressão e ansiedade os valores com maior frequência indicam presença mínima de sintomas ou ausência desses transtornos nos estudantes. Como resultado das correlações de Spearman encontramos entre Munich- MEQ (rho= 0,595; p<0,001); Munich- Jet-lag social (rho= 0,543; p<0,001); Jet-lag social- MEQ (rho= 0,456; p<0,001); PSQI- BDI (rho= 0,303; p<0,001); PSQI- BAI (rho= 0,452; p<0,001); PSQI- ESS (rho= 0,312; p<0,001) e BAI-BDI (rho= 0,356; p<0,001). Estes resultados sugerem que existe associação entre o Jet-lag social e cronotipo, sendo maior o efeito restrição-expansão entre os dias de aula e os dias livres nos indivíduos do cronotipo vespertino. Entre os achados mais significativos identificamos uma relação moderada entre ansiedade e qualidade de sono. Além disso, identificamos que existe relação entre uma pior qualidade de sono e sintomas de depressão, ansiedade e sonolência diurna excessiva. Finalmente identificamos que os sintomas de depressão estão moderadamente relacionados com a ansiedade. Assim, concluímos que a elevada carga de aulas e estudos, bem como o horário de início das aulas muito cedo entre jovens adultos universitários da área da saúde, são fatores que contribuem para aumento do estresse, pior qualidade de sono, diminuição do rendimento acadêmico, sonolência diurna e surgimentos de sintomas de ansiedade e depressão, cujas mulheres e os vespertinos são os indivíduos mais vulneráveis a esses distúrbios. Portanto, esse assunto merece cada vez mais atenção da comunidade científica e dos órgãos de saúde pública para que medidas possam ser adotadas em favor desses estudantes.