Efeitos comportamentais da tansulosina - antagonista seletivo de adrenoceptor α 1A - em camundongos
A tansulosina é a principal forma de tratamento dos sintomas urinários em pacientes com hiperplasia prostática benigna. Este antagonista seletivo dos adrenoceptores α1A atua tanto na musculatura lisa da próstata como em outras regiões do sistema nervoso central. Estudos sugerem que o uso deste fármaco pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento de quadros de depressão, demência e ansiedade em pacientes tratados, possivelmente pelo fato da tansulosina poder atravessar a barreira hematoencefálica. Um estudo recente utilizou camundongos knock-in para DAT-IRES-Cre para avaliar o papel do sistema límbico na modulação da resiliência frente ao estresse e os resultados sugeriram que os adrenoceptores tem papel importante neste processo. Além disso, foi demonstrado que camundongos transgênicos que superexpressavam adrenoceptores α1A constitutivamente ativos apresentavam fenótipo do tipo antidepressivo e melhora geral na cognição. No presente estudo, buscou-se avaliar os efeitos do tratamento agudo com a tansulosina no comportamento de camundongos machos nos testes do campo, aberto, nado forçado e labirinto em cruz elevado. Os resultados obtidos apontam que a tansulosina foi capaz de promover hipolocomoção nos animais tratados com a dose de 0,1 mg/kg; foi capaz de promover aumento no tempo de imobilidade dos camundongos tratados com as doses de 0,01 mg/kg e 0,1 mg/kg; e não foi capaz de alterar a porcentagem do número de entradas, a porcentagem de tempo gasto nos braços abertos nem o número de entradas nos braços fechados. Em conclusão, este estudo aponta uma possível relação da tansulosina com o aumento da vulnerabilidade ao estresse, o que pode explicar o aparente efeito pró-depressivo como resultado do uso desse medicamento por pacientes com HPB.