Vivendo na multidão: Influência de densidade e fatores sociais nos níveis de cortisol em macacos-prego (Sapajus libidinosus) cativos
cortisol, estresse, densidade populacional, efeito do visitante, rank, catação social
Animais de cativeiro precisam enfrentar estressores crônicos em sua rotina, desde espaços reduzidos e alterados a perda de esconderijos. Macacos-prego (Sapajus spp.) são modelos úteis para estudar os efeitos da vida em cativeiro, não apenas por sua prevalência em centros de resgate e zoológicos brasileiros, mas também por sua flexibilidade comportamental, o que os possibilitou se adaptar a diferentes ambientes naturais como a Mata Atlântica e a Caatinga. Este trabalho usa medidas comportamentais e fisiológicas (metabólicos fecais de glicocorticoides - MFG) em macacos-prego (Sapajus libidinosus) de diferentes ambientes de cativeiro (CETAS de Natal/RN e Cabedelo/PB, e zoológico de João Pessoa/PB) para testar as hipóteses de que alta densidade populacional, presença de visitantes e alta posição hierárquica são estressores, enquanto que catação social e comportamento sexual apaziguam estresse. No primeiro capítulo, explicamos o conceito de estresse, carga alostática e como ela é afetada por pelos fatores ambientais e sociais que iremos analisar. Selecionando modelos de regressão baseado em AIC (Akaike Information Criteria), nossas análises corroboram as hipóteses de que densidade populacional é um estressor forte para macacos-prego como revelado pelo aumento em níveis de MFG médios, medianos e máximos, porém presença de visitantes não foi um preditor forte de níveis de cortisol. Como esperado, indivíduos dominantes eram mais estressados do que subordinados. Contrário ao esperado, catação social não foi um preditor forte para menores níveis de cortisol, mas "comportamento sexual", "afastar-se", "proximidade" e "auto-catação" foram. Estes resultados indicam que apesar da maior vigilância em zoológicos, alta densidade social é um estressor maior para macacos-prego cativos, e esses animais usam estratégias de evitação de conflito, proximidade e sexo para enfrentar os desafios presentes na vida em cativeiro.