Modulação psicofisiológica do estresse sobre o tratamento de fertilização in vitro.
Estresse, cortisol, ansiedade, suporte social, modos de enfretamento de problemas, fertilização in vitro.
A infertilidade vem atingindo um número cada vez maior de mulheres em idade reprodutiva. A probabilidade de concepção por ciclo reprodutor mensal feminino, que é naturalmente baixa, de aproximadamente um quinto, reduz-se ainda mais quando fatores estressores psicossociais e fisiológicos estão associados. Nesse contexto, o uso de modernas tecnologias de reprodução assistida tem viabilizado o alcance da gravidez, porém, estes procedimentos demandam protocolos terapêuticos extensos e invasivos e normalmente requerem um considerável investimento financeiro, gerando assim, altas expectativas, ansiedade e estresse. Elevar a taxa de sucesso dos tratamentos de reprodução assistida é o maior desafio da atualidade na área. Acredita-se que os fatores psicofisiológicos associados ao sistema de resposta ao estresse, como o cortisol, modulam direta ou indiretamente o sucesso do tratamento. O presente estudo evidenciou que pacientes que alcançaram a gravidez ao término do tratamento por fertilização in vitro (FIV) (n = 7), realizado no Centro de Reprodução Assistida da Maternidade Escola Januário Cicco, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresentaram um perfil menos ansioso e menor reatividade do cortisol salivar ao despertar comparadas às pacientes que não alcançaram sucesso no tratamento (n = 13). Essas, por sua vez, apresentaram menor percepção do suporte social e modos de enfretamento de problemas centrados em práticas religiosas e/ou pensamentos fantasiosos. A compreensão de como esses fatores se correlacionam com o sucesso do tratamento por FIV pode e deve facilitar a prática de intervenções efetivas nos serviços de reprodução assistida, a fim de reduzir o estresse e fornecer um ajustamento emocional às pacientes, o que, consequentemente deverá contribuir para melhores índices de gravidez.