Livre-arbítrio? Fatores psiconeuroendócrinos envolvidos no processo de tomada de decisão sob risco em homens adultos jovens
Testosterona; cortisol; proporção 2D:4D; tomada de decisões arriscadas; estados de humor; relações românticas.
O comportamento de risco está sob influência de fatores neuropsicológicos, neuroendócrinos, sociais e individuais, embora ainda não haja um consenso claro sobre o quanto esses fatores modulam o processo de tomada de decisão sob risco. O presente estudo avaliou o efeito de estados psicológicos, o envolvimento em um relacionamento romântico, e o efeito da testosterona (pré-natal e ativacional) e cortisol sobre a tomada de decisões arriscadas, bem como sobre a reatividade desses hormônios no desempenho de uma tarefa de risco. Estudantes universitários entre os 21 e 30 anos (n = 49) participaram da investigação. O comportamento em relação ao risco foi mensurado com a escala de propensão ao risco (EPR) e tarefa de tomada de decisão sob risco, Columbia Card Task (CCT). A análise de regressão múltipla mostrou um efeito negativo entre uma baixa proporção 2D:4D, indicando uma alta exposição à testosterona pré-natal, e a atitude em relação ao risco na dimensão saúde/segurança no EPR, quando a testosterona e o cortisol basais no plasma foram baixos ou altos. Adicionalmente, participantes com alta proporção 2D:4D, que indicam baixa testosterona pré-natal, mostraram comportamento mais arriscado no CCT, associado com altos níveis de testosterona basal e baixos níveis de cortisol. A maior reatividade da testosterona se relacionou a um melhor desempenho no CCT. Os participantes com maior pontuação para depressão e ansiedade apresentaram uma atitude mais arriscada no CCT e, quando envolvido em relação romântica apresentaram mais aversão ao risco. Estes resultados sugerem que a exposição a níveis elevados de testosterona pré-natal fortalece a atitude em relação ao risco, indicando que a testosterona activacional não é crítica para a expressão deste traço comportamental. Por outro lado, níveis mais baixos de testosterona pré-natal permitem os efeitos modulatórios da testosterona ativacional dependendo do contexto e, também, parece promover a aversão ao risco para alcançar um resultado mais favorável. Os resultados sugerem que não estar envolvido em relacionamento romântico pode aumentar o comportamento de risco para favorecer as estratégias reprodutivas. Foi também evidenciado que homens adultos jovens com características mais depressivas e ansiosas podem apresentar comportamentos mais arriscados.