RECONHECIMENTO DE OBJETOS PELO PEIXE ELÉTRICO ITUÍ-CAVALO
(Apteronotus albifrons)
Peixe elétrico, integração transmodal, acurácia perceptual.
A informação sobre um objeto no ambiente pode ser obtida através de múltiplos canais sensoriais
que podem interagir entre si antes de gerar um comportamento. Existe uma vantagem adaptativa no
reconhecimento transmodal quando o animal consegue perceber seu mundo mais acuradamente e
reagir às mudanças ambientais com maior eficiência. Durante a última década, um crescente
número de estudos utilizando peixes elétricos como modelos animais vem investigando
aprendizagem e percepção sensorial. Recentemente, demonstrou-se através de experimento com o
peixe elétrico G. petersii que vertebrados não mamíferos são capazes de reproduzir um
reconhecimento transmodal de objetos com entradas sensoriais ponderadas dinamicamente.
Sabendo que o peixe elétrico Apteronotus albifrons possui olhos primitivos e eletrorreceptores de
diferente origem em relação à espécie anteriormente citada, é importante considerá-lo como um
modelo de investigação complementar no contexto de reconhecimento transmodal de objetos, visto
que também se utiliza dos sistemas visual e elétrico para mapear o ambiente. Aqui, verificaremos o
limiar de acurácia da visão e do sentido elétrico de A. albifrons através da discriminação de
estímulos com diferentes frequências espaciais. Subsequentemente, será verificado se um animal
treinado apenas para o estímulo visual é capaz de distingui-lo apenas com o sentido elétrico não
treinado, e vice-versa. Serão oito indivíduos isolados por vez em um aquário experimental contendo
um estímulo do qual deverão se aproximar para demonstrar que houve discriminação. Os animais
estarão divididos em Grupo 1, treinado para discernir visualmente grades em diferentes orientações
(dispostas em pares de frequências iguais), e Grupo 2, treinado para a mesma função, porém de
maneira elétrica. Após a primeira etapa, que busca a identificação do limiar de acurácia dos sentidos
com base em frequência espacial, o Grupo 1 será testado eletricamente e, o Grupo 2, visualmente,
investigando a capacidade de integração transmodal de seus sentidos.