Participação dos componentes homeostático e circadiano do sono no desempenho funcional em idosos institucionalizados
Envelhecimento. Ritmo circadiano. Sono. Actigrafia. Funcionalidade.
Introdução: Em trabalho de mestrado verificamos que idosos, institucionalizados e com maior status de fragilidade, apresentavam pior qualidade de sono e maior latência de sono, todavia não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nos parâmetros do ciclo repouso-atividade entre as categorias do fenótipo de fragilidade. Entretanto, este resultado negativo não permitiu concluir se alterações na ritmicidade circadiana e na homeostase do sono também seriam importantes para o desempenho funcional destes idosos, sendo necessária a realização de estudos longitudinais. Objetivo: Avaliar a influência dos componentes homeostático e circadiano do sono sobre o desempenho funcional em idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Materiais e métodos: Está sendo realizado um estudo longitudinal, com seguimento de dois anos, envolvendo 133 idosos residentes em ILPIs das duas principais macrorregiões assistenciais de saúde do Estado da Paraíba. Foram utilizados Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh, Questionário de Horne e Östberg, Questionário de Munique, Escala de Sonolência Diurna de Epworth e actigrafia, para as variáveis subjetivas e objetivas do sono, além de questionários e testes específicos para as variáveis de saúde física e neuropsiquiátrica e de desempenho funcional (força muscular, velocidade da marcha, equilíbrio, desempenho físico, fenótipo de fragilidade). Análises bivariadas, correlação de Pearson e teste t de Student, foram realizadas para observar a existência de relações entre as variáveis independentes e dependentes (desempenho funcional). Em seguida, foram construídos modelos de regressão linear múltipla, com fins analisar as relações entre as variáveis independentes com as variáveis do desfecho (SPPB total, SPPB marcha, SPPB força). O critério de saída para todas as variáveis introduzidas no modelo foi p < 0,10. Resultados preliminares: Em relação às medidas da linha de base (2014), a amostra estudada caracterizou-se pelo predomínio de mulheres (65,4%) e solteiros (43,2%), com média de idade de 78,76 (±7,62), de anos de estudos de 4,66 (±4,56) e de meses de institucionalização de 48,31 (±46,80). De modo geral, 64,7% dos idosos apresentaram tendência à matutinidade, 75,9% qualidade subjetiva do sono ruim, 23,5% sonolência diurna excessiva e 57,9% um pior desempenho físico. Os idosos com queixas de distúrbios do sono noturno possuíram menor força de preensão (p = 0,021; r = -0,204) e maior status de fragilidade (1,47±0,53; p = 0,002). Quanto aos componentes de regulação do sono, menor estabilidade do ritmo repouso-atividade, ISm (0,32±0,14; p = 0,041), foi relacionada com maiores critérios do fenótipo de fragilidade. E fragmentação da ritmicidade (IVm), consequentemente o componente homeostático da regulação do sono, influenciou aspectos do desempenho funcional, como velocidade da marcha (R2 = 0,44; p < 0,001) e força muscular dos membros inferiores (R2 = 0,22; p = 0,021). Considerações: A partir desta avaliação preliminar, observamos que alterações dos componentes de regulação do ciclo sono-vigília podem estar associadas com déficits funcionais em idosos, contudo as análises subsequentes do seguimento, em 12 meses e 24 meses, trarão achados elucidativos e com maiores implicações clínicas à saúde geriátrica.