Efeito do Comprimento de Onda e Intensidade da Luz Sobre o Ritmo Circadiano de Atividade em Saguis (Callithrix jacchus).
Fotoarrastamento; Primatas Diurnos; Callithrix jacchus.
Além da função visual, os olhos dos mamíferos participam da regulação de processos comportamentais e fisiológicos transferindo informações luminosas dos fotorreceptores da retina aos núcleos supraquiasmáticos. As respostas originadas no sistema de temporização circadiano variam em função do comprimento de onda e intensidade da luz recebida por essas células. No entanto, os mecanismos de ação dos fotorreceptores no processo de sincronização fótica ainda não foram totalmente elucidados. Neste estudo, avaliamos o efeito do comprimento de onda e da intensidade da luz sobre o ritmo circadiano de atividade (RCA) em um primata diurno (Callithrix jacchus), em condições de claro/escuro (CE) e claro constante (CC). A atividade motora de 18 machos adultos mantidos isolados foi registrada continuamente por sensores por infravermelho. Foram realizados 2 experimentos: no Experimento 1, os animais foram mantidos em CE 12:12, (fase clara: 06:00-18:00h) sob luzes fluorescentes (controle), LEDs azuis (λmax 463 nm) e LEDs vermelhas (λmax 631 nm), sob 200, 100 e 10 lux, durante 15 dias em cada intensidade, e por 30 dias em CC (10 lux). No Experimento 2, os animais foram mantidos por 10 dias em CE 12:12, (fase clara: 06:00-18:00h) sob luzes fluorescentes (controle), LEDs azuis (λmax 463 nm) e LEDs vermelhas (λmax 631 nm), sempre em 200 lux, e por 30 dias em CC (200 lux). No Experimento 1, o início da atividade foi antecipado sob as luzes azul e vermelha, diferindo do controle (ANOVA, p < 0.05). O final da fase ativa dos animais também foi antecipado no azul e vermelho (ANOVA, p < 0.05), promovendo uma menor duração da fase ativa (ANOVA, p < 0.05), que ocorreu de forma associada a um menor total de atividade diária (ANOVA, p < 0.05) nesses dois comprimentos de ondas em relação ao controle. No Experimento 2, houve acentuada antecipação no início da fase ativa sob a luz vermelha (ANOVA, p < 0.05). A relação entre o final da fase ativa dos animais e o final da fase de claro diferiu entre o controle e as luzes testadas, com maior antecipação sob a luz vermelha (ANOVA, p < 0.05), que também apresentou a menor duração da fase ativa (ANOVA, p < 0.05). Houve uma tendência ao aumento na potência do período do RCA sob o azul e vermelho nos animais em CC. A partir destes resultados sugere-se que em saguis: 1) os comprimentos de onda azul e vermelho modificam a expressão endógena e a sincronização fótica do RCA; 2) a intensidade de luz afeta a expressão do RCA apenas em intensidades mais baixas (10 lux) sob luz vermelha, com forte antecipação no início e fim da fase ativa e maior instabilidade no RCA e 3) a condição de manutenção prévia interfere nas respostas (pós-efeito) e é um fator a ser considerado na construção de protocolos experimentais com essa espécie.