Ritmo de Atividade Vocal de Machos de Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae) do Parque Nacional Marinho do Banco de Abrolhos – BA, Brasil.
Bioacústica, Baleia Jubarte, Ritmicidade, Ruído Antropogênico.
Muitos estudos sobre atividade vocal de baleias jubarte tem atentado para as alterações
no padrão temporal e geográfico das canções. Apesar de Miller e colaboradores terem
investigado os efeitos das perturbações causadas por atividades humanas sobre as
canções de jubartes, consequências sobre o ritmo biológico da espécie foram pouco
investigadas. Tal conhecimento pode contribuir para o manejo, elucidando como a
expressão comportamental pode ser modulada sob a ação dos fatores externos sobre o
meio em que indivíduo esteja inserido. Onde, somando-se ás informações sobre a
história de vida, biologia e ecologia da espécie, para que a elaboração de medidas de
conservação seja efetuada de maneira bem-sucedida. Investigar a existência de um
padrão repetitivo periódico de atividade vocal de baleias jubarte ao longo da temporada
reprodutiva pode apoiar a hipótese da existência de um ritmo biológico endógeno, ou
ainda, levantar questionamentos sobre como os zeitgebers bióticos ou abióticos
poderiam modular a expressão do comportamento vocal desses animais, que é tão
importante para o sucesso reprodutivo dos indivíduos e manutenção do tamanho e da
saúde da população. O objetivo desse trabalho foi verificar a existência de ritmo na
ocorrência de sinais acústicos de machos de baleia jubarte no entorno do Parque Nacional
Marinho dos Abrolhos. Para isso, foram utilizados dados acústicos anteriormente coletados
durante os anos de 2003, 2004 e em duas áreas de 2005. As gravações foram visual e
auralmente inspecionadas através da ferramenta para MATLAB, XBAT, a cada 2 minutos e
categorizadas como: presença ou ausência de vocalizações de baleias jubarte e também de
ruídos de embarcações. Uma análise espectral foi realizada a partir de uma rotina elaborada
em MATLAB. Nossos resultados mostraram a existência de um padrão de sinais acústicos
para os anos de 2003, 2004 e apenas em uma das áreas de 2005. Nos quais, apresentavam
um maior número de atividade vocal entre os horários de 15:00 da tarde e 10:00 da manhã.
Quando analisado o padrão temporal das embarcações o maior número de ruídos se
encontravam entre as 10:00 e 15:00. Revelando uma provável relação negativa, onde quanto
mais ruído de embarcações presentes menos vocalizações vão ser detectadas. O que pode
significar uma falha na comunicação entre indivíduos, visto que é possível que o receptor
não receba o sinal, por estar mascarado pelo ruído.