Estabelecimento, reconhecimento e defesa territorial em Stegastes fuscus
Agressividade, donzelinha, territorialidade, etograma.
Pesquisas sobre territorialidade e comportamentos associados podem contribuir para o entendimento das interações ecológicas e como elas afetam a composição de espécies e a dinâmica de uma comunidade. Neste estudo, 17 indivíduos de peixe donzela (Stegastes fuscus) foram observados em ambiente natural com o objetivo de: (1) caracterizar a área de vida; (2) investigar possíveis relações entre o tamanho do território e os comportamentos mais expressos pelos indivíduos e (3) identificar as transições comportamentais mais comuns observadas. Registros de 30 minutos de atividade de cada animal foram realizados em recifes da praia de Pirambúzios, litoral do RN. O tamanho do território foi calculado através da área circular (π.r²), com base na média entre as distâncias percorridas pelo animal. Os comportamentos mais comuns observados foram: vigilância/forrageio (74,4%), ingestão de alimento (16,8%), tempo no abrigo (5,8%) e displays agressivos (3,0%). A área média ocupada por S. fuscus foi de 274 cm2. A sequência comportamental mais comum, partindo do comportamento mais expresso, foi de vigilância/forrageio para ingestão e, apesar desta ser uma espécie territorial, em geral, as sequências que finalizaram em comportamentos agonísticos tiveram baixas probabilidades de ocorrência. Os resultados indicaram que o tamanho da área ocupada correlaciona-se positivamente com o tempo de vigilância/forrageio e negativamente com o tempo de alimentação. O tamanho da área ocupada apresentou correlação positiva com o número de interações agonísticas com heteroespecíficos e correlação negativa com o número de interações com coespecíficos. Os resultados sugerem que a competição pelo uso do habitat pode ser modulada por diversos fatores, dentre eles destacam-se o tamanho do território e a espécie que entra no território. Neste sentido, é necessária uma maior investigação a respeito da função de um maior território, pois esse conhecimento pode contribuir para o estabelecimento de planos de conservação para S. fuscus e espécies coabitantes de áreas recifais.