Distribuição da fauna triatomínica e infecção natural pelo Trypanosoma cruzi em diferentes municípios do semiárido potiguar
Trypanosoma cruzi, triatomíneos, infecção natural, métodos de diagnóstico
A infecção natural dos triatomíneos pelo Trypanosoma cruzi foi avaliada em diferentes ecótopos nas mesorregiões Central e Oeste do estado do Rio Grande do Norte, e a pesquisa do Trypanosoma rangeli, visando compreender a dinâmica de transmissão do T. cruzi no semiárido. Os insetos foram identificados e o conteúdo intestinal analisado pelo exame direto, xenocultura e PCR. A hemolinfa dos insetos foi também pesquisada por exame direto para a identificação do T. rangeli. Dos 559 triatomíneos as espécies identificadas foram Triatoma brasiliensis (56,5%), Triatoma pseudomaculata (22,2%), Panstrongylus lutzi (17,3%) e Rhodnius nasutus (4,0%). As espécies foram capturadas nos estágios de ninfas e adultos, exceto P. lutzi, exclusivamente adultos. No ambiente silvestre, o T. brasiliensis representa 28,2% das espécies, 68% no peridomicílio e 3,8% no domicílio. O T. pseudomaculata, 71,8% dos espécimes foram capturados no peridomicilio e 28,2% no ambiente silvestre. O R. nasutus e o P. lutzi foram encontrados exclusivamente no ambiente peridomiciliar e silvestre, respectivamente. Do total de espécimes capturados no ambiente silvestre 44% foram do P. lutzi, 40% do T. brasiliensis e 16% do T. pseudomaculata. No peridomicílio, 66% foram do T. brasiliensis, 27% do T. pseudomaculata e 7% do R. nasutus, enquanto no domicílio somente foi encontrado o T. brasiliensis. A infecção natural dos triatomíneos pelo T. cruzi foi 28,9%, e por espécie foi mais elevada em P. lutzi (75,2%), T. brasiliensis (22,1%), T. pseudomaculata (14,5%) e R. nasutus (4,5%). O índice de triatomíneos infectados no ecótopo silvestre foi 50,6%, peridomiciliar 13,2% e domiciliar 58,3%. O T. rangeli não foi identificado na hemolinfa dos insetos. Apesar de, o P. lutzi ter sido encontrado exclusivamente na mesorregião Central, mais o elevado índice de infecção natural pelo T. cruzi aliado a sua capacidade de invadir o domicilio atraído pela luz e o crescente processo de destruição da mata nativa sugere que, esta espécie, a procura de alimento, poderá manter o intercâmbio entre os ciclos de transmissão. O T. brasiliensis presente em todos os ambientes reforça a importância desta espécie em relação à capacidade de adaptação ao ambiente antrópico, o potencial como vetor e a manutenção dos ciclos de transmissão do parasito no semiárido, indica a necessidade de ações contínuas da vigilância epidemiológica.