OBTENÇÃO DE NANOEMULSÃO CONTENDO EXTRATO DA ESPÉCIE VEGETAL Jatropha gossypiifolia E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE in vivo
Feridas. Plantas medicinais. Euphorbiaceae. Potencial antioxidante.
A cicatrização de feridas é primordial para o restabelecimento de condições fisiológicas e redução de complicações. Nesse processo há a liberação de radicais livres, que, em excesso, acarretará complicações, juntamente com uma inflamação exacerbada. Assim, diversos fármacos podem ser utilizados para acelerar a cicatrização, apresentando ações específicas. Entretanto, as plantas medicinais, por terem uma diversidade de compostos em sua composição, podem agir por diferentes vias, dentre essas plantas está a espécie Jatropha gossypiifolia (Jg), utilizada popularmente para tratar ferimentos e inflamações. Dessa forma, este estudo tem como objetivo o desenvolvimento de uma nanoemulsão tópica contendo o extrato hidroetanólico das folhas de Jg, para avaliação da atividade cicatrizante, contribuindo para o desenvolvimento de alternativas ao tratamento de feridas cutâneas. A caracterização fitoquímica do extrato de Jg foi realizada por meio de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplado a um detector arranjo de fotodiodo (CLAE-DAD) e quantificação do teor de fenólicos e flavonoides. O CLAE-DAD identificou a presença de flavonoides, com detecção de vitexina e derivados de luteolina e apigenina, e a quantificação de fenólicos e flavonoides detectou 95,08 ± 5,46 mg de ácido gálico/g de extrato e 137,92 ± 0,99 mg de quercetina/g de extrato, respectivamente. Em seguida, foi desenvolvida uma nanoemulsão para veicular o extrato de Jg (NJg), afim de melhorar a estabilidade física e permeabilidade. A caracterização físico-química da nanoemulsão foi realizada pela verificação de tamanho médio de gotícula, índice polidispersivo (PDI), pH e quantificação do teor de fenólicos, além de análise macroscópica. Os mesmos parâmetros foram utilizados para o estudo de estabilidade. A NJg (n=2) apresentou tamanho médio de 164,96 ± 9,487, PDI de 0,217 ± 0,026, pH de 5,89 ± 0,0281 e teor de fenólicos de 32,039 ± 14,628 mg de ácido gálico/g de extrato, não apresentando variação de cor ou separação de fases. No decorrer de 4 semanas, as características se mantiveram. Para avaliação da citotoxicidade in vitro foi realizado o ensaio hemolítico e de cristal violeta, em o extrato e a nanoemulsão não apresentaram toxicidade nas concentrações testadas (32,25-250 µg/mL). Ainda, foi realizada a atividade antioxidante do extrato e nanoemulsão pela redução dos radicais ABTS e DPPH, sendo duas amostras capazes de reduzir os radicais testados com IC50 de 0,2999 e 0,4646 µg/µL para o radical ABTS∙+, respectivamente, e de 0,2899 e 0,4374 µg/µL para o radical DPPH, respectivamente. Por fim, foi realizada a avaliação da atividade cicatrizante, em que a NJg apresentou fechamento de ferida significativo a partir do 5° dia de tratamento, quando comparado ao grupo não tratado, sendo 45% para a NJg e 21% para o grupo não tratado, e no 8° dia chegando a 58%. Além disso, a NJg promoveu a redução de nitrito, atividade de mieloperoxidase e citocinas. Desse modo, os resultados sugerem que a nanoemulsão desenvolvida contendo o extrato de J. gossypiifolia é promissora, podendo estar contribuindo farmacologicamente no tratamento de feridas.