Estudo químico e biológico de Genipa americana L. (Jenipapo)
Genipa americana Linnaeus
Genipa americana Linnaeus (Rubiaceae), ocorre amplamente na região
Nordeste e em outras regiões do Brasil, como também em outros países. Sob o
ponto de vista medicinal, a espécie é usada pela população para diferentes fins
como: catártico, antidiarréico, antigonorréico, antiulceroso, analgésico, em
casos de sífilis, anemia, icterícia, asma, dentre outros. Devido ao reconhecido
uso popular e a escassez de estudos químicos e farmacológicos, o principal
objetivo deste estudo foi caracterizar os marcadores e/ou compostos ativos e
avaliar atividades farmacológicas da espécie. O estudo iniciou-se com a coleta
de folhas, frutos maduros e verdes nas mediações da Praia de Barreta (Nísia
Floresta-RN), dos quais as folhas foram submetidas à secagem e moagem.
Posteriormente, foram preparados os extratos hidroetanólicos (EH) das folhas,
pericarpo e endocarpo dos frutos e fracionados com solventes orgânicos com
ordem de polaridade crescente (éter de petróleo, diclorometano, acetato de
etila, e n-butanol). Para análise qualitativa do extrato das folhas e frutos foram
utilizadas as técnicas de Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Diversos procedimentos
cromatográficos (Cromatografia Líquida a Vácuo, Cromatografia em Coluna
Clássica e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência Semi-preparativa) foram
utilizados para o isolamento de compostos químicos. Adicionalmente,
realizaram-se ensaios de atividade anti-inflamatória do extrato das folhas, no
modelo de peritonite aguda em camundongos e o ensaio de atividade
antimicrobiana, pelo método de difusão em disco, com extrato do endocarpo e
das folhas de G. americana. Foi observado por CCD e CLAE a presença de
flavonoides e iridoides no extrato das folhas e iridoides nos extratos dos do
pericarpo e endocarpo dos frutos. A partir do extrato da folha foram isolados e
caracterizados dois iridoides, denominados tetrahidro-7-(hidroximetil)1-
metoxiciclo-pentapiran-4-carbaldeído, inédito para a espécie e o GF2,
provavelmente inédito na literatura, os carboidratos manitol e GF7 e cinco
flavonoides GF4, GF5, GF6, GF8 e GF9. Os seis últimos compostos estão em
fase de elucidação estrutural. A partir do extrato do endocarpo foram isolados
os compostos GE1, GE2, GE3, GE4 e GE5, os quais estão em fase de
elucidação estrutural. O extrato das folhas e do endocarpo de G. americana
não apresentaram atividade antimicrobiana promissora. O extrato das folhas
apresentou atividade anti-inflamatória nas doses 50, 100, 200 e 300 mg/Kg,
observada por meio da inibição da migração de leucócitos para o local da
inflamação. Técnicas de elucidação estrutural estão sendo realizadas para
elucidação de todos os compostos isolados de G. americana. O estudo
fitoquímico e de atividades farmacolóigicas desenvolvidos com as folhas da
espécie são resultados inovadores, pois até o momento era registrada a
presença de irirdoides, monoterpenos, ácidos carboxílicos apenas nos frutos da
G. americana. Para as folhas da espécie não há relatos na literatura sobre a
presença de iridóides e flavonoides.