“Contra a Ruína do Mau Estudo”: A Construção do Conhecimento de Civilidade nos Pressupostos Educacionais do Iluminismo Português (1759-1800)
Iluminismo Português. Civilidade. Sociabilidade do Conhecimento.
O século XVIII em Portugal foi marcado pelo desenvolvimento de um pensamento intelectual que tentou modernizar não só a máquina administrativa portuguesa, mas também a educação e a produção do conhecimento na Metrópole e nas suas Colônias. O presente trabalho tem como objetivo, à luz da História da Educação, compreender a Sociabilidade do Conhecimento Educacional como proposta pedagógica iluminista mediante cinco eixos: a Matriz do Conhecimento, a Regulamentação do Conhecimento, a Institucionalização do Conhecimento, a Regulação do Conhecimento e Agentes do Conhecimento ou Agentes Civilizatórios. Teoricamente, estamos fundamentados no sociólogo alemão Norbert Elias, pensando a educação como um condicionamento capaz de tornar civilizados os homens. Pensamento esse ambientado em um processo histórico de ensino-aprendizagem essencial ao chamado desenvolvimento dos modos e condutas e responsável direto pela formação de um modelo de civilização e conhecimento. O historiador inglês Peter Burke também aparece no corpo teórico da pesquisa, mais especificamente, para tratar da História Social do Conhecimento e de como esse elemento está conceituado na historiografia. A proposta metodológica é alicerçada pela “Sociabilidade do Conhecimento Educacional”, pois, ao estudar alguns ilustrados portugueses, como Luiz Antônio Verney e Antônio Ribeiro Sanches, além dos Estatutos da Universidade de Coimbra, o Compêndio Histórico da Universidade de Coimbra, periódicos que circulavam em Lisboa, Manuscritos do Arquivo Histórico Ultramarino, Torre do Tombo e os Termos de Vereação da Capitania do Rio Grande do Norte, examinamos as etapas, condições e divergências que o conhecimento educacional e de civilidade perpassaram para se consolidar no Período Pombalino. Cronologicamente, estamos situados entre 1759, início das Reformas Pombalinas na instrução pública, e 1800, limite máximo de análise das fontes. Nesta pesquisa, constatamos convergências e divergências entre os pressupostos da ilustração portuguesa e as Reformas Pombalinas na instrução pública, bem como diversos fatores que dificultaram a concretização desse novo paradigma educacional em Portugal e no Além-Mar.