RELAÇÃO ENTRE ADIPONECTINA, ESTRESSE OXIDATIVO E REPARO DE DNA EM INDIVÍDUOS COM LIPODISTROFIA GENERALIZADA CONGÊNITA DOS TIPOS 1 E 2
Tecido adiposo; Lipodistrofias Generalizadas Congênitas; AGPAT2; Variantes patogênicas; Doenças relacionadas ao tecido adiposo.
A Lipodistrofia Generalizada Congênita (LGC) é uma doença rara que causa a perda de tecido adiposo (TA) por todo o corpo desde o nascimento. Os pacientes com LGC apresentam baixos níveis de leptina e adiponectina (APN), importantes adipocinas produzidas pelo TA. Hipertrigliceridemia, hiperinsulinemia e trigliceridemia também são achados metabólicos de pacientes com LGC. Existem 4 tipos de LGC, sendo os tipos 1 e 2 os responsáveis por mais de 80% das análises descritas na literatura e com pacientes já descritos no nordeste do Brasil. A etiologia molecular para LGC 1 é a presença de variantes patogênicas (VPs) no gene AGPAT2. É observada uma grande heterogeneidade genética na herança das VPs para esse gene. Dessa forma, esse estudo realizou a análise molecular das principais VPs descritas para AGPAT2 (c.366-588del, c.589-2A>G, c.646A>T, c.570C>A, c.369-372delGCTC, c.202C>T, c.514G>A, c.144C>A) e uma análise dos efeitos em seus domínios transmembranares e funcionais. Avaliamos também a relação genótipo dessas variantes e o fenótipo dos primeiros pacientes descritos na literatura para cada uma. Além disso, realizamos o diagnóstico molecular de duas irmãs com VPs em heterozigose composta para c.299G>A e c.493-1G>C e uma nova paciente descrita para a variante c.366-588del. Ademais, utilizamos a técnica de sequenciamento de nova geração (NGS) para a análise de um painel de genes associados a doenças relacionadas ao tecido adiposo nos pacientes com LGC. Outro objetivo desse estudo foi a comparação entre as dosagens de leptina e APN entre os grupos LGC 1 e LGC 2. Assim como já demonstrado na literatura, foi observado que pacientes com LGC tipo 2 possuem menores níveis de leptina quando comparados aos do tipo 1. Entretanto, diferente do estudos já relatados, não observamos diferenças significativas entre as dosagens de APN entre esses dois grupos. A nível de expressão de enzimas envolvidas no reparo a danos oxidados no DNA (APE-1, OGG1 e PPARG), não foram observadas diferenças significativas entre os grupos LGC 1 e LGC 2, embora os dois tipos possuam níveis de expressão desses genes maiores quando comparados ao observado em indivíduos controle. Isso sugere que a diferente etiologia molecular dos dois tipos de LGC não é, por si só, um parâmetro significativo para alterar a homeostase redox entre esses dois grupos. Mais estudos são necessários para entender melhor a relação entre a LGC e o estresse oxidativo, o reparo de DNA e a resposta celular.