Efeitos da retirada do etanol e da sacarose sobre comportamentos relacionados à ansiedade e à depressão: investigando o papel da via das quinureninas
Sacarose; álcool; retirada; indoleamina 2,3-dioxigenase; inulina; desordens emocionais.
Os transtornos relacionados ao uso/abuso de substâncias e o transtorno de compulsão alimentar compartilham substratos neurais, sistemas de neurotransmissão e padrões comportamentais. Estudos prévios demonstraram que a retirada do etanol a curto e longo prazo promoveu alterações comportamentais relacionadas à ansiedade e à depressão, associadas a alterações na atividade encefálica da enzima indoleamina 2,3-dioxigenase (IDO), responsável pelo metabolismo do triptofano em quinureninas. O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos da retirada da sacarose, bem como do etanol, sobre comportamentos associados à ansiedade e à depressão, bem como na atividade da IDO no córtex, pré-frontal, hipocampo e estriado de fêmeas. No experimento 1 ratas Wistar foram submetidas a sacarose (5%) por 16 dias, seguida de retirada em curto (48 horas) ou longo prazo (21 dias) anteriormente aos testes comportamentais do campo aberto (3º ou 22º dia de retirada) e do nado forçado (5º ou 24º dia de retirada). No experimento 2, ratas Wistar foram submetidas ao etanol em concentrações crescentes (2, 4 e 6%) por 21 dias. No 14° dia após tratamento com etanol, parte dos animais recebeu o prebiótico inulina (10% ou 30% via intragástrica). Todos os grupos tratados com etanol foram submetidos à retirada em longo prazo (21 a 25 dias) e aos testes comportamentais no labirinto em cruz elevado (21º dia de retirada), spray de sacarose (22º dia de retirada), marble burying (23º dia de retirada), pré-teste e teste do nado forçado (respectivamente 24º e 25º dias pós retirada). Posteriormente, os animais seguiram para a eutanásia para a obtenção das amostras de sangue e de encéfalo, incluindo partes do córtex pré-frontal, do estriado e do hipocampo. No experimento 1, as ratas que receberam sacarose apresentaram menor tempo de imobilidade no teste do nado forçado, sugerindo um efeito do tipo antidepressivo do açúcar. O grupo que recebeu sacarose apresentou maior concentração de triglicerídeos no soro, quando comparado ao grupo controle. Não houve alterações nos índices glicêmicos, de função renal e hepática, bem como não houve alterações na atividade da IDO e nos marcadores de estresse oxidativo nas ratas que beberam sacarose, submetidas ou não à retirada. No experimento 2, a análise preliminar dos dados sugeriu que a retirada do etanol promoveu alterações comportamentais relacionadas à ansiedade e à depressão, que foram atenuadas pelo tratamento cominulina.