Caracterização da proteína APE1/ref-1 como alvo terapêutico na redução do estresse oxidativo gerado pela resposta inflamatória.
Meningite bacteriana, APE1, citocinas, vitamina B6.
A meningite bacteriana (MB) é uma doença infecciosa que permanece com altas taxas de mortalidade e morbidade em todo o mundo, principalmente em países subdesenvolvidos, apesar dos avanços na antibioticoterapia. Um dos principais mecanismos associados às sequelas durante a MB é a elevada resposta inflamatória, que promove uma exacerbada quantidade de espécies reativas de oxigênio (ERO) levando às células a apoptose ou necrose. A ativação de enzimas de reparo, durante o estresse oxidativo tem sido demonstrada nas mais diversas desordens, entre elas a endonuclease apurínica/apirimidínica 1/ efetor redox 1 (APE1/ref-1). APE1/ref-1 é uma enzima multifuncional envolvida no reparo de DNA e na redução de fatores envolvidos com a resposta inflamatória, tais como o fator nuclear kappa B (NFκB) e proteína ativadora 1 (AP-1). Portanto, este trabalho teve como objetivo buscar novos alvos terapêuticos para a redução de sequelas durante MB. Para isto, inicialmente foi realizado uma análise no perfil de expressão de citocinas em líquor de pacientes com meningite causada por Streptococcus pneumoniae e Neisseriae meningitidis. Em seguida, foi avaliado o papel da APE1 como um possível alvo terapêutico na modulação das citocinas expressas em monócitos durante resposta celular a lipopolissacarídeo (LPS). Por fim, foi observado a expressão de APE1 no córtex (CX) e hipocampo (HC) de ratos com MB frente a terapia adjuvante com vitamina B6. Nosso estudo mostrou principalmente que interferon gama (IFNγ) é significativamente mais expressa em pacientes com S. pneumoniae do que N. meningitidis. Por outro lado, o uso de inibidores das funções redox e de reparo de APE1 reduzem a expressão de citocinas, principalmente o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α), bem como, o nível de ERO nas células estimuladas com LPS. Ainda, a expressão protéica de APE1, no CX e HC dos ratos, foi modulada após introdução da vitamina B6. Estes dados fornecem um novo olhar para a fisiopatologia da MB, em que citocinas como IFNy podem ser usadas em um diagnóstico diferencial, enquanto que APE1 pode ser usada como alvo para modular a resposta inflamatória e a vitamina B6 pode ser usada para modular APE1. Consequentemente, o conhecimento obtido neste estudo pode ser importante na melhoria do prognóstico da MB, além de contribuir para entender a associação entre o reparo de DNA e inflamação.