Análise da imunoexpressão da podoplanina e da triptase em carcinoma epidermóide de língua e sua relação com parâmetros clinicopatológicos
Carcinoma de Células Escamosas. Linfangiogênese. Mastócitos. Imuno-histoquímica.
O carcinoma epidermóide de língua oral (CELO) apresenta um comportamento biológico agressivo, com elevada propensão ao desenvolvimento de metástases nodais. Nesse contexto, a linfangiogênese é considerada um fenômeno importante para a disseminação das células tumorais e pode sofrer influência de estímulos do microambiente. Os mastócitos têm sido relacionados à progressão de neoplasias malignas, no entanto o seu papel na formação de vasos linfáticos ainda não está bem estabelecido. O propósito desta pesquisa foi avaliar possíveis correlações entre a densidade linfática, a contagem de mastócitos e o perfil clinicopatológico em casos de CELO, incluindo o estadiamento clínico TNM, a gradação histológica de malignidade (Bryne, 1998) e a presença/ausência de metástases nodais. A amostra foi constituída por 50 casos de CELO, dos quais 26 apresentavam metástase nodal, e os 24 restantes eram isentos de metástases. A densidade linfática foi estabelecida como a média de vasos linfáticos imunomarcados pelo anticorpo anti-podoplanina (D2-40), identificados em cinco campos microscópicos (200x). Para a análise dos mastócitos, foram quantificadas as células imunorreativas ao anticorpo anti-triptase, em cinco campos (400x). Destaca-se que ambas as imunomarcações foram analisadas no centro tumoral e no front de invasão. A densidade linfática intratumoral (DLI) foi superior nos casos em estágios clínicos avançados (III-IV), quando comparados àqueles em estágios iniciais (I-II), assim como nos casos metastáticos em relação aos não-metastáticos (p<0,05). Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os casos de baixo grau e alto grau de malignidade no tocante à DLI (p>0,05). De outro modo, a densidade linfática peritumoral (DLP) e as contagens de mastócitos não demonstraram relações significativas com nenhum dos parâmetros clinicopatológicos avaliados (p>0,05). Também não foram encontradas correlações significativas entre as densidades linfáticas e as contagens de mastócitos, seja na região intratumoral (r = -0,004; p=0,977) ou na peritumoral (r = -0,154; p=0,285). Os resultados do presente estudo sugerem que os vasos linfáticos intratumorais contribuem na progressão do CELO. Por sua vez, a DLP pode não ser suficiente para justificar diferenças no comportamento biológico do CELO, o que sustenta a hipótese de envolvimento de outros mecanismos na disseminação metastática das células malignas, que complementariam os efeitos da linfangiogênese. Os mastócitos, ainda que realizem diversas funções pró- e antitumorais, parecem não influenciar diretamente o potencial de agressividade do CELO. Adicionalmente, é possível que a quantidade destas células não seja um fator determinante para a formação de vasos linfáticos.