EXPRESSÃO IMUNOISTOQUÍMICA DE GLUT-1 E MARCADORES DE PROLIFERAÇÃO EM ANOMALIAS VASCULARES ORAIS
Hemangioma. Diagnóstico Diferencial. Proteínas Facilitadoras de Transporte de Glicose. Proliferação de células. Granuloma Piogênico.
As anomalias vasculares constituem um grupo de lesões distintas, mas que podem apresentar características clínicas e histopatológicas semelhantes, que poderiam levar a equívocos diagnósticos. Este estudo objetivou por meio da histopatologia e da expressão imuno-histoquímica da proteína humana transportadora de glicose (GLUT-1), identificar e classificar corretamente as anomalias vasculares orais, além de analisar a imunoexpressão de marcadores envolvidos na progressão tumoral. Todos os casos diagnosticados como “hemangiomas orais” pertencentes aos arquivos do Serviço de Anatomia Patológica da disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia (DOD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram revisados, totalizando 77 casos. A análise imuno-histoquímica para GLUT-1 revelou que apenas 26 (33,8%) dos espécimes tratavam-se de hemangiomas da infância (HIs) verdadeiros. Os 51 (66,2%%) espécimes GLUT-1 negativos foram então reclassificados em granulomas piogênicos (GPs) e malformações vasculares (MVs) a partir de suas características histopatológicas, totalizando 26 (33,8%) casos de HIs, 20 (26,0%) de GPs e 31 (40,2) casos de MVs orais. Na análise acerca das subclassificações e neologismos usados para designar essas lesões, observamos que dentre os casos diagnosticados inicialmente apenas como “hemangiomas”, apenas 47,5% tratavam-se de HIs verdadeiros. No grupo de “hemangiomas capilares”, a maioria (56,2%) tratava-se, na verdade, de GPs. Dos 3 “hemangiomas celulares”, 2 deles tratavam-se de GPs e um de HI, e, a grande maioria (88,8%) dos casos de “hemangiomas cavernosos” tratavam-se, na verdade, de MVs orais. Os casos submetidos à análise do marcador Ki-67 apresentaram medianas diferentes HI (13,85), GP (33,70) e MV (4,55) com diferenças estatisticamente significantes entre elas (p<0,001), segundo o teste estatístico não paramétrico Kruskal-Wallis, porém não é possível sugerir que os níveis de Ki-67 apresentem algum grau de interdependência com a imunoexpressão de GLUT-1. Em relação à proteína Bcl-2, os grupos também apresentaram diferentes medianas dos escores estabelecidos HI (1,00), GP (1,50), MVs (0,0) demonstrando diferenças estatisticamente significantes entre elas, segundo o teste estatístico de Kruskal-Wallis. Além disso, não foram observadas correlações estatisticamente significantes entre os índices de positividade para o Ki-67 e os escores de imunoexpressão de Bcl-2. Dessa maneira, podemos concluir que se faz necessário uma revisão criteriosa e parametrizada dos casos de anomalias vasculares utilizando ferramentas auxiliares, como a GLUT-1, uma vez que os achados histopatológicos sozinhos não são suficientes para diferenciar algumas anomalias. Além disso, a análise das expressões de marcadores envolvidos nos níveis de proliferação das lesões é um aspecto importante para o melhor entendimento do seu comportamento biológico.