O AMOR À NEGRITUDE COMO FERRAMENTA DE RESISTÊNCIA/DESCOLONIZAÇÃO NO CAMPO DO JORNALISMO, ATRAVÉS DO ESTUDO DE COMUNIDADES DE COMUNICADORAS/ES NEGRAS/OS
Negritude; Decolonização; Jornalismo
O presente estudo tem como principal objetivo compreender como o amor à negritude opera enquanto ferramenta de descolonização no campo do jornalismo. Considero por amor o que Maturana e Varela (1995) atribuem como uma possibilidade de olhar o outro como um igual. A partir de bell hooks (2019), compreendo, também, que o amor à negritude é uma ferramenta de resistência política que transforma nossas formas de ver e ser e, portanto, cria as condições necessárias para que nos movamos contra as forças de dominação e morte que tomam as vidas negras. Fundamentada nestas abordagens, e na compreensão social apontada por bell hooks (2019) de que o objetivo do racismo é que pessoas negras possuam uma forma de olhar e ver o mundo que nega seu valor, abordo inicialmente: como se dá os atravessamentos afetivos, conflitivos e morais causados pelas vivências de racismo na comunidade de jornalistas negras/os; e como o amor a negritude foi incorporado na vivência da comunidade estudada, analisando de que forma esse sentimento se materializa e se potencializa na vida e cotidiano destes. Para finalmente entender duas questões essenciais: se para propor a descolonização da mídia, as/os jornalistas negras/os precisam descolonizar a si mesmos; e, caso assim seja, como é que a descolonização de perspectivas racistas no campo do jornalismo é colocada em prática. Para tanto, utilizei a história de vida tópica (SALTALAMACCHIA, 1992; BONI e QUARESMA, 2005; NOGUEIRA et al., 2017) e a entrevista semi-estruturada (BONI e QUARESMA, 2005) como técnicas etnográficas (PEIRANO, 1995; MATTOS, 2011). A partir da experiência de jornalistas negras/os busco um entendimento mais amplo de como se dá a transformação no fazer midiático a partir de um engajamento antirracista. Com o processo de escuta busco obter, para além de um conhecimento objetivo do tema em questão, a sabedoria que desestabiliza e perturba (INGOLD, 2019) as estruturas do status quo, empretecendo o olhar, o pensar, o ser e o fazer social.