SOB O JUGO DO GUARDIÃO: ENTRELAÇAMENTOS ENTRE O AFETO E A VIOLÊNCIA NA PRÁTICA DA ALIENAÇÃO PARENTAL.
Palavras-chaves: Alienação Parental; Violências; Conflito Familiar.
Esse estudo visa problematizar os atravessamentos e as imbricações que comportam o fenômeno da Alienação Parental. A mudança no status da família com a dissolução do casamento, também tornou latentes conflitos e tensões dentro do núcleo familiar que reverberaram de forma importante na sociedade. A partir dos conflitos advindos da ruptura da relação conjugal, em especial, nos casos de divórcios litigiosos, percebeu-se o fenômeno da Alienação Parental, em 1985, pelo psiquiatra Richard Gardner que a denominou de Síndrome da Alienação Parental. A complexidade desse fenômeno tem demandado uma análise transdisciplinar, associando o direito, a psicologia e a antropologia, que, saberes que, sozinhos, não oferecem inteligibilidade à dimensão que comporta essa prática. A partir de um viés exploratório, alicerçado em estudo bibliográfico e entrevistas/conversas com atores que comportam esse núcleo, como operadores do direito, juízes, advogados, psicólogos, e, especialmente, pais e mães que vivenciam essa prática. Buscarei compreender como os esses sujeitos lidam diretamente com essa dinâmica da Alienação Parental e, como, percebem dentro desse fenômeno, as diversas violências que se encontram vinculadas a essa dinâmica. Colocando sobre relevo, e analisando a prática da Alienação como uma forma de violência psicológica inferida aos filhos que são submetidos a essa dinâmica. Essa pesquisa reflete ainda, através das narrativas dos interlocutores, como os papeis socialmente construídos entre homens e mulheres, atuam culturalmente como um marcador importante na percepção da dinâmica da Alienação Parental. Outrossim, através das vivências expressadas por pais, mães e depoimentos de filhos que sofreram Alienação Parental, pretenderei demonstrar, como entrelaçamento entre afeto e a violência, atribuem um caráter duplo e indissociável à prática da Alienação Parental. Portanto, é através de uma realidade sobreposta de invisibilidades e imbricadas relações de poder no meio familiar que se sobreleva a necessidade de problematizar e questionar através da percepção das narrativas dos operadores do direito, articuladas as falas de pessoas que experienciam esse conflito, seja do ponto de vista pessoal ou de assistência jurídica, para a importância de revelar os meandros desse fenômeno. Entre outros aspectos, buscarei evidenciar a relevância e a necessidade de desnaturalizar dessa prática em nossa sociedade.