Este trabalho tem por objetivo compreender etnograficamente o movimento de proteção animal na cidade do Recife através de uma investigação das mobilizações coletivas que tenham a finalidade de promover direitos, bem-estar e proteção para animais. Partindo do pressuposto de que o Estado também deve ser responsável pela gestão das vidas dos animais, alguns protetores têm empreendido parte de seus esforços para reivindicar junto ao poder público, políticas públicas para animais, sobretudo, para cães e gatos de rua. Diante dessa constatação, surge também a necessidade de compreender como a demanda por direitos animais tem se inserindo dentro da própria esfera da administração pública, a partir da criação de órgãos do poder executivo, a exemplo da Secretaria Executiva de Direitos Animais da Prefeitura do Recife, bem como de serviços públicos e equipamentos urbanos, tal como o Hospital Veterinário Público, campanhas de vacinação e parques para cachorros. Diante desse conjunto de fatos, alguns autores têm argumentado que tais mobilizações estão relacionadas diretamente com a emergência de “novas sensibilidades”, que estão contribuindo cada vez mais para trazer os animais para esfera de preocupação moral humana. Onde e como se produzem essas “novas sensibilidades”, bem como qual a sua relação com a dinâmica cultural específica da contemporaneidade, serão questões a serem perseguidas no desenvolvimento desta tese.