SOB O JUGO DO GUARDIÃO: ENTRELAÇAMENTOS ENTRE O AFETO E A VIOLÊNCIA NA PRÁTICA DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Palavras-chaves: Alienação Parental; Violências; Conflito Familiar.
Este estudo visa problematizar atravessamentos e imbricações que comportam o fenômeno da Alienação Parental. A mudança no status da família, com a dissolução do casamento, também tornou latentes conflitos e tensões dentro do núcleo familiar que reverberaram de forma importante na sociedade. A partir dos conflitos advindos da ruptura da relação conjugal, em especial nos casos de divórcios litigiosos, percebeu-se o fenômeno da Alienação Parental, que, em 1985, o psiquiatra Richard Gardner denominou de “Síndrome da Alienação Parental” (SAP). Posteriormente, a junção entre Alienação Parental e a Síndrome de Alienação Parental foi dissociada, tendo-se em vista que a SAP pode vir a ocorrer (ou não) como desdobramento da prática da Alienação Parental. Tendo a Alienação Parental como tema, busquei, através de um viés exploratório, alicerçado, sobretudo, em estudo bibliográfico e entrevistas com atores que vivenciam essas dinâmicas, como operadores do direito, juízes, advogados, assistentes sociais, psicólogos, e, especialmente, pais e mães que vivenciam e/ou vivenciaram essa prática, demonstrando, por meio de suas narrativas, o sofrimento de crianças e adolescentes quando submetidos a essa prática. O objetivo geral é analisar a prática da Alienação Parental como uma forma de violência psicológica inferida aos filhos que são submetidos a esse processo. A hipótese de pesquisa visa compreender como se dá o entrelaçamento do afeto e da violência na prática da AP. De forma secundária, analiso vivências expressadas por pais, mães e uma filha que sofreu Alienação Parental, bem como, também, fundamento-me no Documentário “A Morte Inventada” (MINAS, 2009), que versa sobre o tema e permite visualizar o entrelaçamento entre o afeto e a violência. A complexidade desse fenômeno tem demandado uma análise interdisciplinar, associando o direito, a psicologia, o serviço social e a antropologia, essa última contribuindo para descortinar- de forma crítica- questões naturalizadas na sociedade. Todos esses saberes, sozinhos, não oferecem inteligibilidade à dimensão que compreende essa dinâmica. Percebi, portanto, o caráter dual que AP comporta, ou seja, o afeto e a violência entrecruzados na efetividade da prática da Alienação Parental.