Quando os/as artistas foram às aldeias: repertórios tradicionais e mediação musical no Brasil
Música indígena; Kilza Setti; Marlui Miranda; mediação.
Considerando o trabalho empreendido por agentes no Brasil que tiveram como base as musicalidades indígenas, procuro analisar as mediações sonoras de duas artistas vinculadas a formações musicais distintas, Kilza Setti e Marlui Miranda. Elas viabilizaram canais de mediação, alimentados por variados trabalhos de recolha de musicalidades tradicionais, feitas, na maioria das vezes, por elas mesma em idas ao campo. Busca-se debater a partir de cada caso (e, por vezes, de maneira comparativa), a organização dos materiais recolhidos, as formas de tratamento e seleção de repertórios, as modalidades de registros e recriação musical, que se direcionaram para tornar musicalidades indígenas visíveis e audíveis aos públicos não-indígenas e aos próprios indígenas. A atividade de recolha dinamizou parte considerável de seus trabalhos artísticos, ao passo que incitou suas ações para além da esfera musical. Assim, entram em exame suas ações em outros campos intelectuais e políticos por onde as artistas transitaram. Sumariamente, os objetivos desse trabalho são voltados para as relações entre artistas não-indígenas e indígenas; o quê (e como) fizeram os/as artistas brasileiros/as quando se aplicaram ao uso de expedientes musicais indígenas em suas obras. Procura-se mapear o exercício de mediação das artistas na produção e negociação de significados e sentidos em materiais sonoros provenientes de grupos tradicionais, no intuito de elaborar enredos sobre estéticas musicais, registros sonoros, direitos autorais, produção cultural, formação de acervos e práticas de educação. A tese é fundamentada em entrevistas de longa duração realizadas com as artistas em questão e na análise de produtos culturais e experiências societárias oriundas dessas relações. (LP’s, CD’s, livros, artigos, songbooks, relatórios, etc).