“BAILANDO TUMBA FRANCESA”: EMBATES MEMORIAIS E PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO EM CUBA
Tumba Francesa – Memórias – Patrimônio Imaterial – Escravidão
O governo Cubano tem investido em políticas fomentadoras da conservação e resgate dos patrimônios materiais e imateriais como as Tumbas Francesas, expressão cultural que envolve danças e músicas de origem afro-cubana. Estas ações tem possibilitado a valorização das mais diversas expressões, em especial as que são fruto da diáspora africana. Essa pesquisa versa sobre o impacto do processo de patrimonialização e das políticas culturais aplicadas posteriormente a Revolução de 1959, na memória e na construção das identidades dos grupos de Tumba Francesa. A pesquisa é focada nos três grupos de Tumbas Francesas remanescentes em Cuba, localizados na região oriental da ilha nos estados de Guantánamo (Sociedade de Tumba Francesa Pompadour), Santiago de Cuba (Sociedade de Tumba Francesa La Caridad del Oriente) e Holguín (Tumba Francesa de Bejuco). Tem como objetivo analisar como se deu a declaração dessa expressão como patrimônio imaterial da Humanidade pela Unesco, mas sobretudo, em que medida as memórias dos tumberos se alinham às memórias oficiais construídas a partir deste processo de patrimonialização. A metodologia utilizada tem como base a etnografia, a partir das observações feitas nas diversas atividades desenvolvidas pelos três grupos estudados, assim como através de entrevistas que contemplam as memórias das famílias envolvidas nesta expressão cultural. As análises dos dados apresentados nesta primeira etapa de investigação indicam a construção de novas memórias para esta expressão cultural, que vão interferir na forma de rememorar a escravidão e na identidade destes grupos.