Contribuições dos espaços vazios urbanos para o desenho da cidade na região semiárida brasileira
Ecologia da paisagem, paisagens em rede, planejamento urbano.
As recentes pesquisas em ecologia urbana têm se voltado aos espaços vazios das cidades, entendendo-os como lugares valiosos para a biodiversidade. Por esta razão, aprimorar a infraestrutura verde através do projeto paisagístico é crucial dado os efeitos positivos na resiliência urbana em um cenário de transformações ambientais. Esta pesquisa visa desenvolver estratégias para a criação de novos espaços verdes em Mossoró, cidade do semiárido brasileiro, a partir do estudo do potencial de conversão dos vazios urbanos em áreas verdes e da resistência ao movimento humano na paisagem. Para isto, utilizou-se a análise multicritério em ambiente SIG como ferramenta para criar um mapa de aptidão à conversão juntamente a mapa de superfície de resistência. O método inclui a integração das variáveis ordenamento urbano, densidade urbana, estágio de ocupação urbana, vazios urbanos e cobertura da terra e seus fatores condicionais, obtendo-se um mapa de áreas prioritárias. A aptidão foi avaliada como muito baixa (0,03 – 0,22), baixa (0,23 – 0,42), média (0,43 – 0,61), alta (0,62 – 0,80) e muito alta (0,81 – 1). Na mancha urbana, 129 hectares são considerados altamente adequados para conversão em espaços verdes. Para a criação da superfície de resistência combinou-se as variáveis: rodovias, iluminação pública, escolas de nível infantil, fundamental e médio, pontos de ônibus, praças, postos de saúde e hospitais. A superfície de resistência apresentou valores entre 212 e 1000. Áreas com mais equipamentos e serviços públicos, como as áreas de alto ordenamento urbano, ofereceram menor resistência ao fluxo humano na paisagem, favorecendo o passeio aleatório de humanos e outros organismos. Essas áreas são uma prioridade para a conservação da biodiversidade e o planejamento regional.