MOBILIZAÇÃO DE RESERVAS E PERFIL PRELIMINAR DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DURANTE E APÓS A GERMINAÇÃO EM Erythrina velutina
Espécie pioneira, estabelecimento da plântula, germinação da semente, mobilização de reservas, mulungu
Considerando o potencial medicinal de Erythrina velutina Willd., uma espécie arbórea nativa da Caatinga, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a mobilização de reservas em paralelo com o conteúdo de metabólitos secundários durante a germinação da semente e o estabelecimento da plântula. Assim, sementes foram escarificadas, desinfetadas e semeadas entre folhas de papel Germitest® e cultivadas sob condições controladas. Em seguida, plântulas foram transferidas para água destilada em hidroponia e cultivadas em casa de vegetação. Em uma curva de tempo, o crescimento da plântula, a mobilização das reservas e o conteúdo de açúcares solúveis e aminoácidos livres, bem como o perfil preliminar de metabólitos secundários foram acessados nos cotilédones durante e após a germinação. A germinação incluiu os estágios de semente embebida e protrusão da radícula, enquanto o estabelecimento abrangeu emergência do hipocótilo, abertura do gancho plumular, expansão das folhas cordiformes, da primeira e da segunda folha trifoliolada. As sementes apresentaram 20% de amido, 14,5% de proteínas de reserva, 11,6% de lipídeos neutros e 5,7% de açúcares não redutores em base de massa seca. As reservas majoritárias foram mobilizadas de forma sincrônica e mais intensa a partir da abertura do gancho plumular, ao passo que os açúcares solúveis foram utilizados a partir da emergência do hipocótilo. A atividade de amilases, lipases e proteases ácidas aumentou a partir da expansão das folhas cordiformes, coincidindo com o acúmulo de aminoácidos livres e com a mobilização de amido, lipídeos e proteínas, respectivamente. Por cromatografia em camada delgada, sugere-se a presença de terpenos e de ácidos fenólicos ao longo do experimento. Os resultados indicam a ocorrência de flavonoides a partir da germinação e na expansão das folhas cordiformes. Durante todo o experimento, foi evidenciada a presença de alcaloides, principalmente na semente embebida. O esclarecimento destes processos pode auxiliar na compreensão das estratégias utilizadas por E. velutina para a colonização do ambiente como espécie pioneira da Caatinga, bem como em qual estágio de desenvolvimento pode-se obter em maior variedade e quantidade os metabolitos secundários.