Fungos Micorrízicos Arbusculares (Glomeromycota) em Diferentes Fitofisionomias da Chapada do Araripe, Ceará, Brasil
Diversidade, ecologia, micologia, micorriza, taxonomia.
Os brejos de altitudes são áreas de exceção ou frações da floresta tropical perenifólia, reunindo tanto características do bioma Mata Atlântica quanto da Caatinga, sendo “ilhas” de floresta úmida em meio a vegetação seca. Esses ambientes geralmente são áreas com características particulares (vegetação, clima, fauna e solo) diferentes dos ambientes que os circundam. Em tais ambientes, pouco se conhece sobre quais são os fatores bióticos e abióticos que estão relacionados à modificação da biodiversidade dos microorganismos presentes no solo. Dentre estes, encontram-se os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA), que vivem simbioticamente associados a maioria das raízes das plantas, aumentando principalmente a absorção de nutrientes e facilitando o crescimento vegetal. Esses fungos são mundialmente e amplamente estudados em diversos ecossistemas, principalmente devido a sua importância ecológica para a manutenção do ambiente, sendo distribuídos nos principais biomas terrestres, nos quais frequentemente são conhecidas novas espécies, porém o conhecimento da diversidade, riqueza e estratégias ecológicas desses fungos em áreas de brejos de altitude é escasso e requer mais pesquisas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi comparar a diversidade das espécies de FMA entre diferentes fitofisionomias de um brejo de altitude, afim de caracterizar a riqueza e diversidade de FMA na Chapada do Araripe, Ceará, Brasil. As amostras de solo foram coletadas em Abril/2019. Foram selecionados dois tipos de fitofisionomias: Cerradão (CE) e Mata úmida (MT). Os esporos foram quantificados e identificados morfologicamente, para realização de análises ecológicas da comunidade de FMA. Foi registrado o total de 95 espécies, distribuídas em quatro ordens, 11 famílias e 17 gêneros. Foram detectadas algumas espécies como indicadoras de determinada fitofisionomia. O número de esporos foi maior em CE em relação a MT, porém a riqueza foi maior em MT. Foi observado que a composição das comunidades de FMA diferiu significativamente entre as fitofisionomias da Chapada do Araripe. Além disso, também foi observado mudança significativa entre a comunidade de FMA e os parâmetros químicos do solo, destacando a influência de algumas variáveis. Além disso, uma espécie ainda não descrita é caracterizada morfologicamente para a área. Os resultados obtidos demonstram a importância de ambientes como os brejos de altitude serem estudados com suas diferentes fitofisionomias, quanto a comunidade de FMA e que as diferenças na composição vegetal, associada a outros fatores, podem fornecer condições ambientais para criação de diferentes microhabitats e possuir influência na composição, diversidade e distribuição das comunidades de FMA.