Correlatos eletroencefalográficos e comportamentais do efeito do ciclo menstrual sobre a prática da imagética motora.
ciclo menstrual, imagética motora, observação da ação, Teste do Reconhecimento da Lateralidade Manual, controle motor, EEG, Mu, Alpha, Beta, tempo de reação.
Evidências sugerem o efeito dos hormônios sexuais femininos (HSFs) sobre circuitos neurais envolvidos no Controle motor, desempenho em testes de destreza manual e de coordenação motora e doenças neurológicas com comprometimento motor. Faltam estudos que investiguem seus efeitos sobre o processamento cognitivo motor. O ritmo sensório-motor também conhecido como ritmo mu (com seus componentes alfa: 12-13Hz; e, beta: 15-30Hz) observado na eletroencefalografia (EEG) é considerado uma janela de oportunidade para investigar a modulação de áreas corticais envolvidas no planejamento motor. O ritmo mu pode ser induzido sobre o córtex sensório-motor por atividades como imagética motora cinestésica (IM) e da observação da ação (OA), entre outras. Uma outra ferramenta utilizada para investigar o processamento cognitivo motor é o Teste de Reconhecimento da Lateralidade Manual (TRLM). Ele é capaz de modular os componentes P100 e P300 do Potencial Evocado Relacionado ao Evento (P300-ERP) na EEG e possui medidas comportamentais que permitem fazer inferências sobre processos cognitivos relacionados a manipulação espacial de partes do corpo (nesse caso específico, das mãos). Esse processo é conhecido como imagética motora implícita. Neste estudo, nós investigamos se a atividade cortical e medidas comportamentais relacionadas tarefas citadas são moduladas em função das fases menstrual (baixos níveis hormonais), folicular (altos níveis de estrógeno) e lútea (altos níveis de progesterona) do ciclo menstrual de 31 mulheres. A dessincronização relacionada ao evento de beta (beta-ERD) sobre a região frontal bilateral durante a prática do IM foi maior na fase folicular quando comparada com as fases menstrual e lútea, sugerindo o efeito do estrógeno sobre áreas de controle do processamento cognitivo motor. Nenhuma diferença entre as fases do ciclo menstrual foi observada sobre o ritmo mu durante a prática de AO, nem sobre a componente alfa durante a IM. A análise comportamental indicou melhor desempenho no TRLM durante as fases folicular e lútea quando comparado a fase menstrual. Esse resultado contraria estudos que demonstram redução na habilidade de manipulação espacial de objetos associado aos HSFs e sugere que o efeito dos HSFs sobre componentes cognitivos motores, possivelmente ausentes nos testes de manipulação espacial, é capaz de favorecer o desempenho no TRLM.